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Bancos centrais de todo o mundo estimulam economia para combater vírus

Nas últimas 24 horas vários foram tomadas medidas em todo o mundo para combater o impacto económico do SARS-CoV-2. Cortar taxas de juro ou injetar grandes quantidades de dinheiro. Como estão a atuar os bancos centrais?

Daniel Acker/Bloomberg
16 de Março de 2020 às 14:44
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Vários bancos centrais em todo o mundo fizeram disparar o gatilho com mais estímulos sobre a economia nas últimas 24 horas, com o impacto do covid-19 a não dar sinais de abrandar. A Reserva Federal dos Estados Unidos abriu a porta e veio com novos grandes cortes na taxa de juro diretora, para valores mínimos, mas os congéneres asiáticos preferiram largar avolumadas quantias de dinheiro sobre a economia local. Da China à Índia, veja como agiram os bancos centrais:

Reserva Federal dos Estados Unidos  
No final do dia de ontem, na hora portuguesa, Jerome Powell, o líder do banco central norte-americano, anunciou um novo corte nas taxas de juro diretoras do país de 100 pontos base para um intervalo de entre 0% e 0,25%, regressando assim aos mínimos históricos onde permaneceu por muito tempo, antes de ter sido iniciada a normalização da política monetária.

Para além dos novos cortes na taxa de juro, a Reserva Federal norte-americana anunciou também o reforço da flexibilização quantitativa (quantitative easing – QE), que passa pela compra de obrigações num valor mínimo de 700 mil milhões, bem como outras medidas de menor dimensão, como 
deixar os bancos financiarem-se a partir da janela de desconto da Fed durante 90 dias e reduzir os requisitos de capital de reserva para 0%.

Quem ficou contente com esta medida da Fed foi o presidente do país, Donald Trump, que reagiu, dizendo estar "muito feliz".

Banco Popular da China
Na China, o banco central optou por manter a taxa de juro inalterada nos 3,15% e olhou para outras ferramentas de estímulo económico. O Banco Popular chinês anunciou uma injeção de 100 mil milhões de yuans (14,3 mil milhões de dólares) através de empréstimos de médio prazo - de um ano.

No total, a instituição já injetou 14,3 mil milhões de dólares no sistema financeiro local, desde o início da crise de saúde provocada pelo novo coronavírus. 

Esta medida surgiu numa altura em que os novos dados económicos divulgados nesta segunda-feira, dia 16 de março, mostraram que a atividade económica do país foi mais afetada do que o esperado inicialmente, nestes primeiros dois meses do ano. 

Banco do Japão
O banco central nipónico (BoJ) anunciou que ia duplicar a sua meta de compras líquidas de fundos negociados em bolsa para 12 biliões de ienes (111 mil milhões de dólares), mantendo a sua taxa de juros inalterada.

Para além disso, o BoJ disse que ia realizar esta segunda-feira uma reunião de emergência, às 12:00 de Tóquio (03:00 da manhã em Lisboa). O banco liderado por Haruhiko Kuroda foi um dos cinco bancos centrais que acertou com a Fed a garantia de que haverá dólares disponíveis em todo o mundo através de contratos "swap".

Banco de Inglaterra 
O novo governador do Banco de Inglaterra, que sucede a Mark Carney, começa o mandato num ambiente de tensão: entre o impacto do novo coronavírus, as negociações da relação futura com a UE e o estímulo orçamental, Andrew Bailey terá muitas preocupações. 

No seu primeiro dia, Bailey prometeu "agir de forma célere" sempre que necessário para conter as consequências económicas da pandemia. 

Na semana passada, o Banco de Inglaterra anunciou um corte "surpresa" nos juros diretores de 50 pontos base, igual ao da Fed, de 0,75% para os 0,25%, o valor mais baixo de sempre na história de 325 anos do banco.

Reserve Bank of Australia
A Austrália optou por manter a sua taxa de juro inalterada, depois de a ter cortado há algumas semanas, mas anunciou que ia enveredar por outro caminho para estimular a economia do país, através de recompra de dívida. 

O banco central do país disse que ia injetar um valor recorde de 8,8 mil milhões de dólares australianos (5,4 mil milhões de dólares norte-americanos) nas suas operações regulares de mercado aberto. Para além disso deixou em aberto a hipótese de mais flexibilização para pequenas e médias empresas, com a hipótese de concessão de crédito barato.

Na próxima quinta-feira, o banco da Austrália vai reunir-se novamente para fazer um ponto da situação. 

Reserve Bank of New Zeland
No início desta segunda-feira - na hora portuguesa - a Nova Zelândia anunciou um corte de emergência nas taxas de juro do país em 75 pontos base para os 0,25% e prometeu manter este nível durante, pelo menos, o próximo ano. 

O banco central da Nova Zelândia disse ainda estar atento a possíveis novos estímulos, abrindo porta também ao QE ("quantitative easing") pela primeira vez na história do país.


Banco Central da Turquia
O banco central turco disse que vai reduzir as taxas de remuneração aplicadas às reservas exigidas em liras. A partir de 20 de março, a remuneração será reduzida de 10% para 8%, para bancos cujo crescimento real dos empréstimos atenda às mudanças regulatórias divulgadas em agosto do ano passado.

No entanto, os bancos cujo crédito real não se expande de acordo com as medidas anunciadas anteriormente sobre as reservas necessárias. terão uma taxa aplicada de 0%. 

Banco da Coreia do Sul
Numa reunião de emergência nesta segunda-feira, o governador do Banco da Coreia do Sul, Lee Ju-yeol, anunciou um corte na taxa de juro em 50 pontos base para os 0,75%, o que representa um mínimo histórico. No próximo dia 9 de abril, o banco terá uma reunião ordinária e alguns analistas olham para um possível novo corte. 

Banco de Israel
O Banco de Israel anunciou no passado domingo, dia 15 de março, que ia começar um plano de compra de obrigações soberanas pela primeira vez desde 2009 para suavizar a volatilidade e aumentar a liquidez. Na segunda-feira, o banco introduziu "swaps" dólar-shekel com vencimentos de uma semana, uma nova ferramenta para fornecer liquidez em dólar aos bancos locais.

Banco Central da Índia 
O banco central da Índia tomou uma série de medidas para injetar liquidez na economia local, nesta segunda-feira, tendo aberto a porta a um corte na taxa de juros na sua próxima reunião marcada para abril.

Para já, as medidas aplicadas incluem uma nova ronda de contratos "swap" em dólares e uma injeção  o aumento de injeções de dinheiro através de 1 bilião de rupias (13,5 mil milhões de dólares) em operações "repo" ("Repurchase Agreement") a longo prazo, ou seja, um compromisso de recompra, segundo o governador da instituição Shaktikanta Das.

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