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Recessão na Zona Euro? Lagarde diz que depende do estímulo orçamental e pressiona Governos

A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, pressionou os Governos da Zona Euro a avançarem com estímulos orçamentais para conter o impacto económico do Covid-19, prevenindo uma recessão.

Reuters
Tiago Varzim tiagovarzim@negocios.pt 12 de Março de 2020 às 14:09
"É claro para todos que as economias de todo o mundo e da Zona Euro irão enfrentar um grande choque", assumiu Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), na conferência de imprensa desta quinta-feira, 12 de março, após a decisão unânime do Conselho do BCE de implementar um pacote de estímulos para a economia europeia

Coloca-se, assim, o risco de haver uma recessão na Zona Euro? "A resposta dependerá claramente da velocidade e da força da abordagem coletiva de todos os 'players'. As autoridades orçamentais têm de estar na linha da frente", afirmou Lagarde, reforçando a ideia de que tem de haver uma "resposta orçamental forte". "A resposta primordial deve ser orçamental", repetiu, argumentando que "ninguém deve esperar que os bancos centrais estejam a dar a resposta principal".

Estas declarações surgem após a presidente do BCE ter revelado que a equipa do banco central reviu em baixa "significativamente" o crescimento do PIB da Zona Euro em 2020 para 0,8%. Contudo, Lagarde explicou que o choque do novo coronavírus na economia europeia apenas é "parcialmente refletido" nestas projeções dado que o exercício foi feito antes da "rápida propagação" do vírus na Zona Euro.  

Os economistas do BCE esperam que o crescimento seja ténue no primeiro semestre deste ano, "ganhando tração no médio prazo" se houver uma política orçamental expansionista e uma recuperação mundial. Perante este cenário - que já é desatualizado e deverá ser ainda pior -, Christine Lagarde não se cansou de dizer que os Governos da Zona Euro têm de dar a maior resposta, prevendo um maior endividamento público.

"Só vamos lidar com este choque se houver cooperação com as autoridades orçamentais". "Todos os Governos precisam de estar preparados para agir". "É bem-vindo o compromisso dos Governos da Zona Euro e das instituições europeias para agir agora, com força e em conjunto em resposta às repercussões da propagação do coronavírus". Estas foram apenas algumas das frases proferidas por Lagarde no sentido de, com mais urgência do que no passado, pressionar os Executivos a gastar. 

Para o BCE "uma coordenação orçamental ambiciosa é necessária agora dado a deterioração do 'outlook' e para salvaguardar uma maior materialização dos riscos descendentes". Em particular, os Governos têm de assegurar os recursos médicos, ajudar as empresas e os trabalhadores afetados e devem dar garantias de crédito para "complementar e reforçar as medidas da política monetária".

Segundo as contas do BCE, as medidas anunciadas pelos Governos da Zona Euro até ao momento, excluindo a Comissão Europeia, "somam 27 mil milhões de euros, 0,25% do PIB da Zona Euro", disse Lagarde, sugerindo que o valor é muito baixo e que é essa falta de ação que a leva a pressionar hoje os Executivos.

Se os Governos avançarem com o estímulo orçamental, o BCE prevê que a economia europeia recupere do choque "severo mas temporário", apesar de o 'timing' ser incerto dada a propagação da doença. As projeções da equipa do banco central apontam para um crescimento de 1,3% em 2021 e 1,4% em 2022. 

(Notícia atualizada às 14h24 com mais informação)
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