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Allianz: Chegou a hora do Banco Central Europeu entrar em ação

Depois de vários bancos centrais terem entrado em ação para conter o impacto do coronavírus, como a Fed, que cortou as taxas de juro diretoras, a pressão sobre a presidente do BCE, Christine Lagarde, aumenta.

Reuters
10 de Março de 2020 às 12:11
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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, está a ser pressionada para agir em conformidade com o seu homólogo Jerome Powell, líder da Reserva Federal dos Estados Unidos (Fed), que na semana passada cortou a taxa de juro diretora do país em 50 pontos base. Contudo, a margem de manobra para a instituição europeia é mais reduzida. Mas existem mais opções para além do corte da taxa de juros dos depósitos, segundo analistas.

"Os mercados estão à espera de um corte nos juros. Ao invés, privilegiamos um aumento no Quantitative Easing (QE), num contexto em que, dada a evolução das discussões na zona do euro sobre possíveis medidas de apoio orçamental, uma taxa ainda mais negativa parece menos urgente", escreve Franck Dixmier, 'Global Head of Fixed Income', da Allianz Global Investors, numa nota.


O analista adianta que para "além disso, um relaxamento nos parâmetros TLTRO3, com facilidades de financiamento direcionadas às Pequenas e Médias Empresas, incentivaria os bancos a promover o acesso ao crédito às empresas mais expostas à crise. O objetivo é impedir que problemas de liquidez se transformem em problemas de solvência, o que resultaria numa cascata de falências e numa explosão do desemprego". 

Também Villeroy de Galhau, governador do Banco de França, já tinha vindo a público salientar que a política monetária do BCE está já num nível demasiado expansivo, pelo que, referiu que a política monetária não deveria ser a única opção. O governador gaulês enunciou o programa de financiamento da banca europeia (TLTRO, na sigla em inglês, significando "targeted longer-term refinancing operations") como uma boa solução para contornar o impacto que o coronavírus está a ter na economia da região.

A atual taxa de juro dos depósitos da entidade europeia está já em níveis negativos (-0,50%), tendo sido alterada pela última vez em setembro de 2019, ainda com Mario Draghi à frente da instituição. 

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Ter de responder a um choque exógeno na oferta, com consequências progressivamente negativas na procura, é uma situação desconfortável para um banco central. É ainda mais desconfortável para o BCE, que conduz uma política monetária de crise há vários anos e que tem feito amplo uso das ferramentas à sua disposição (taxas de depósitos negativas, compra de 'securities' -Quantitative Easing-, TLTRO)", acrescenta Franck Dixmier. 

Agora, adianta o analista, existem três possíveis cenários de atuação para o BCE: um corte nos juros de 10 pontos base na taxa de juros dos depósitos, uma flexibilização nos parâmetros das operações direcionadas de refinanciamento de longo-prazo (TLTROs) e um aumento nas compras de ativos líquidos (QE), focadas em títulos empresariais.

Na semana anterior, Jerome Powell decidiu cortar as taxas de juros diretoras em 50 pontos base para um intervalo de entre 1,25% e 1,5%, numa tentativa de enfrentar o impacto que o coronavírus está a ter na economia mundial e nos mercados acionistas. A última vez que a Reserva Federal dos Estados Unidos agiu de forma semelhante foi durante a crise financeira de 2008, na altura um corte concertado entre os maiores bancos centrais do mundo, como o Banco Central Europeu ou o Banco do Japão, para tentar contornar o ímpeto da crise. 

Agora, e dada a ineficácia em conter as quedas nos mercados - principalmente depois da Arábia Saudita ter anunciado que iria aumentar a produção de petróleo e iria vendê-lo com um desconto de 10 dólares por barril - espera-se que Powell anuncie um novo pacote de estímulos monetários em breve. Para já, a primeira visada é a líder do BCE, que está pressionada para anunciar medidas que ajudem a economia a superar o impacto do vírus Covid-19, na reunião desta semana, marcada para o dia 12 de março. 

 

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