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Sauditas escalam guerra com Rússia: Aramco aumenta produção em mais de 25%
A petrolífera estatal Saudi Aramco anunciou que vai aumentar a sua oferta para 12,3 milhões de barris por dia, um valor recorde e que fica acima da sua capacidade máxima.
A Arábia Saudita escalou a sua guerra de preços com a Rússia esta terça-feira, 10 de março, com a petrolífera estatal Saudi Aramco a anunciar que irá aumentar a sua oferta para um valor recorde de 12,3 milhões de barris por dia, em abril, inundando o mercado com a sua matéria-prima.
De acordo com a Bloomberg, este valor representa um aumento de mais de 25% face ao último mês – em fevereiro, a Arábia Saudita produziu cerca de 9,7 milhões de barris por dia - e coloca a Saudi Aramco acima da sua capacidade máxima, o que sugere que o reino irá recorrer às suas reservas estratégicas para despejar o máximo de petróleo possível no mercado nas próximas semanas.
A Arábia Saudita reforça assim a declaração de "guerra" lançada contra a Rússia no fim-de-semana, depois de Moscovo ter recusado reforçar os cortes na oferta propostos pelo grupo OPEP+ para sustentar as cotações do petróleo.
Perante a recusa da Rússia, a Arábia Saudita resolveu tomar medidas drásticas e lançar uma "guerra total" de preços, prometendo aumentos de produção e descontos aos clientes.
O anúncio provocou um verdadeiro crash nos mercados, com o petróleo a afundar mais de 30% - a maior queda desde a guerra do Golfo, em 1991 – e as bolsas a registarem as descidas mais violentas desde a crise financeira.
Esta terça-feira, ao início da manhã, o petróleo chegou a valorizar mais de 8%, mas atenuou os ganhos para cerca de 2% depois da notícia do aumento de produção da Saudi Aramco.
Minutos depois chegou a resposta de Moscovo, com Alexander Novak, ministro da Energia, a dizer que a Rússia tem capacidade para aumentar a produção em 500 mil barris por dia, o que colocaria potencialmente a produção do país num recorde de 11,8 milhões de barris por dia.
Com a procura por petróleo a descer rapidamente devido ao impacto do coronavírus, o aumento da produção da Arábia Saudita – que poderá ser seguido por uma subida da Rússia – poderá forçar as empresas a armazenar petróleo, em vez de o processarem.
A Agência Internacional de Energia disse esta semana que a procura global por petróleo deverá contrair este ano pela primeira vez desde a crise financeira global em 2009.