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Petróleo regista valorização recorde de quase 20% após ataque na Arábia Saudita

Na abertura da sessão em Singapura, o Brent chegou a disparar 19,48% para 71,95 dólares, alcançando a valorização intradiária mais acentuada de sempre.

Reuters
15 de Setembro de 2019 às 22:49
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A cotação do petróleo está a disparar para máximos de maio, devido ao ataque às instalações da Saudi Aramco, que afetaram cerca de metade da produção da companhia da petrolífera da Arábia Saudita.

 
No arranque da sessão em Singapura, o barril de Brent disparou 19,48% para 71,95 dólares o barril nos primeiros minutos de negociação. Trata-se da valorização intradiária mais acentuada desde que os futuros começaram a ser transacionados em 1988. No WTI a subida foi um pouco menos expressiva, com a cotação do petróleo transacionado em Nova Iorque a disparar um máximo de 15,48% para 63,34 dólares. 

Pouco depois dos primeiros minutos de negociação, a valorização abrandou, mas ainda assim as variações são de dois dígitos. O Brent ganha 11,97% para 67,43 dólares (pouco antes das 00:00 desta segunda-feira) e o WTI valoriza 10,36% para 60,53 dólares. 

Antes da abertura da sessão asiática os analistas contactados pela Bloomberg já apontavam para uma valorização de pelo menos 5 dólares por barril. tendo em conta os máximos fixados, o WTI disparou quase 8 dólares e o Brent avançou mais de 11 dólares.


Ataque afeta 5% da produção mundial 

A Arábia Saudita está a tentar restaurar a produção de petróleo depois do ataque com dez drones a instalações da Saudi Aramco no sábado ter provocado uma quebra de 5,7 milhões de barris diários, o equivalente a 5% da produção mundial.

 

A quebra na oferta, que representa perto de metade da produção diária do país, deverá ter impacto no mercado petrolífero. A perturbação é "bastante significativa", disse Mele Kyari, CEO da Nigerian National Petroleum Corp em declarações à Bloomberg. "Se ela prolongar, pode ser um grande desafio para os mercados petrolíferos".

 

A Arábia Saudita, que é a maior produtora do mundo, deverá conseguir recuperar metade da produção perdida no curto prazo, mas o regresso à normalidade deverá demorar várias semanas.

 

Na semana passada o WTI, negociado em Nova Iorque, recuou 3% para 54,85 dólares, sendo que em Londres o Brent desvalorizou mais de 2% para 60,22 dólares.

 

Se é quase certo que os preços estão a disparar esta segunda-feira, resta saber a duração deste impacto, sendo que a chave estará no tempo em que a Arábia Saudita demorará a resolver a limitação na produção.

 

Trump autoriza libertar reservas
A tendência de alta poderá ser limitada pela ação de outros países produtores, sendo que os Estados Unidos já se mostraram disponíveis para libertar reservas estratégicas para compensar a descida da produção na Arábia Saudita.

O presidente dos Estados Unidos anunciou já no Twitter que deu autorização para que sejam libertadas parte das reservas estratégicas do país, caso seja necessário para manter o mercado devidamente abastecido. O anuncio de Trump foi feito precisamente na altura em que abriu o mercado em Singapura, o que poderá ter contribuído para travar a escalada das cotações.

  

"O impacto imediato nos preços do crude deverá andar à volta dos 10 dólares por barril e esperamos que durante várias semanas o impacto seja de cerca de 5 dólares por barril, à medida que a situação no Médio Oriente fique mais frégil", disse Bjørnar Tonhaugen, analista da Rystad Energy.

 

Se o "shut down" na Saudi Aramco durar três semanas a ClearView Energy Partners estima uma valorização de 10 dólares no preço do barril de petróleo. Na Morningstar a expetativa aponta para que esta segunda-feira o Brent possa disparar para 80 dólares e o WTI para 75 dólares por barril.

 

EUA apontam o dedo ao Irão 

Os Estados Unidos acusaram este domingo o regime iraniano de estar por trás do ataque contra as duas instalações da petrolífera estatal da Arábia Saudita.

 

O secretário de Estado, Mike Pompeo, acusou o Irão de ter "lançado um ataque sem precedentes contra o fornecimento energético mundial" e negou que a responsabilidade seja dos rebeldes iemenitas Huthis, que reivindicaram a ação.

 

O Irão considerou "insensatas" as acusações do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, que responsabilizou a República Islâmica por um ataque de drones no sábado contra duas instalações petrolíferas sauditas, reivindicado pelos rebeldes iemenitas, noticia a Lusa.

 

"Tais acusações e observações estéreis e indiscriminadas são incompreensíveis e insensatas", disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Mousavi, sugerindo que as mesmas deverão justificar "ações futuras" contra o Irão. As declarações pretendem "minar a reputação de um país, para criar um quadro para no futuro lhe aplicar sanções", acrescentou.


Maior ataque desde a Guerra do Golfo 

O ataque, que atingiu a atingiu a principal refinaria da Saudi Aramco em Abqaiq e o campo petrolífero de Khurais, é o maior contra infraestruturas petrolíferas sauditas desde que Saddam Hussein disparou mísseis Scud contra o país durante a primeira Guerra do Golfo e expõe a vulnerabilidade do país que é responsável por 10% da produção mundial de petróleo.

Segundo a Bloomberg, a Saudi Aramco poderá manter o fornecimento aos clientes durante várias semanas, graças à sua rede global de armazenamento. A Arábia Saudita tem reservas em tanques no país, em Roterdão, Okinawa e Sidi Kerir, na costa mediterrânica do Egito.

 

O Departamento de Energia dos Estados Unidos também já garantiu que poderá recorrer às reservas de petróleo estratégicas caso seja necessário fazer face a uma disrupção no mercado.

 

A Saudi Aramco está a preparar a entrada na bolsa de Tadawul, em Riade, que deverá ocorrer até ao final do ano. Segundo analistas contactados pela Reuters, o ataque pode afetar a sua avaliação.

 
(notícia atualizada às 23:50 e título alterado com evolução das cotações do petróleo no arranque da sessão em Singapura)

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