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Ataque com drones na Arábia Saudita ameaça agravar preços do petróleo
O ataque com dez drones a duas instalações petrolíferas da Saudi Aramco reduziu a capacidade de produção diária da Arábia Saudita para menos de metade: um corte de 5% na oferta mundial. Tensão na região aumenta, com Washington e Teerão a trocarem acusações.
A Arábia Saudita está a tentar restaurar a produção de petróleo depois do ataque com dez drones a instalações da Saudi Aramco no sábado ter provocado uma quebra de 5,7 milhões de barris diários, o equivalente a 5% da produção mundial, segundo a Bloomberg.
A quebra na oferta, que representa perto de metade da produção diária do país, deverá ter impacto no mercado petrolífero. A perturbação é "bastante significativa", disse Mele Kyari, CEO da Nigerian National Petroleum Corp em declarações à Bloomberg. "Se ela prolongar, pode ser um grande desafio para os mercados petrolíferos".
O efeito do ataque já se fez sentir nas bolsas da região. O principal índice acionista da Arábia Saudita chegou a cair 3,1% este domingo. As bolsas do Kuwait e Dubai também começaram o dia com perdas.
Os Estados Unidos acusaram este domingo o regime iraniano de estar por trás do ataque contra as duas instalações da petrolífera estatal da Arábia Saudita.
O secretário de Estado, Mike Pompeo, acusou o Irão de ter "lançado um ataque sem precedentes contra o fornecimento energético mundial" e negou que a responsabilidade seja dos rebeldes iemenitas Huthis, que reivindicaram a ação.
O Irão considerou "insensatas" as acusações do secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, que responsabilizou a República Islâmica por um ataque de drones no sábado contra duas instalações petrolíferas sauditas, reivindicado pelos rebeldes iemenitas, noticia a Lusa.
"Tais acusações e observações estéreis e indiscriminadas são incompreensíveis e insensatas", disse o porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Mousavi, sugerindo que as mesmas deverão justificar "ações futuras" contra o Irão. As declarações pretendem "minar a reputação de um país, para criar um quadro para no futuro lhe aplicar sanções", acrescentou.
Maior ataque desde a Guerra do Golfo
O ataque, que atingiu a atingiu a principal refinaria da Saudi Aramco em Abqaiq e o campo petrolífero de Khurais, é o maior contra infraestruturas petrolíferas sauditas desde que Saddam Hussein disparou mísseis Scud contra o país durante a primeira Guerra do Golfo e expõe a vulnerabilidade do país que é responsável por 10% da produção mundial de petróleo.
Segundo a Bloomberg, a Saudi Aramco poderá manter o fornecimento aos clientes durante várias semanas, graças à sua rede global de armazenamento. A Arábia Saudita tem reservas em tanques no país, em Roterdão, Okinawa e Sidi Kerir, na costa mediterrânica do Egito.
O Departamento de Energia dos Estados Unidos também já garantiu que poderá recorrer às reservas de petróleo estratégicas caso seja necessário fazer face a uma disrupção no mercado.
A Saudi Aramco está a preparar a entrada na bolsa de Tadawul, em Riade, que deverá ocorrer até ao final do ano. Segundo analistas contactados pela Reuters, o ataque pode afetar a sua avaliação.
Notícia atualizada às 12:00 com mais informação