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O Oráculo de Omaha

Warren Buffett construiu a Berkshire Harhaway ao longo de várias década. A assembleia-geral anual é um acontecimento. E Omaha torna-se no centro do mundo.

Bloomberg
30 de Agosto de 2015 às 10:05
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Warren Buffett construiu a Berkshire Harhaway ao longo de várias décadas, a partir de uma fabricante têxtil que tinha entrado em processo de falência, transformando-a numa poderosa empresa com uma enorme diversificação das áreas de negócio, desde os seguros à energia, passando pelos bens de consumo e pelo fabrico de doçaria.

O multimilionário alcançou estes resultados através de uma filosofia de gestão que se focaliza na importância dos resultados financeiros trimestrais e que dá autonomia aos directores das mais de 80 subsidiárias da Berkshire.

 

Entre as muitas empresas nas quais Buffett detém posições estão a Precision Castparts, Kraft Food Heinz, American Express, Wells Fargo, Coca-Cola, IBM, Wall Mart Stores, General Electric, General Motors, Procter & Gamble, Johnson & Johnson, Costco Wholesale, Exxon Mobil, ConocoPhillips, Verizon Communications, NetJets, Bank of New York Mellon, Goldman Sachs, Mastercard, U.S. Bancorp, M&T Bank Corporation e Visa.

 

Buffett, que é também o maior accionista da Berkshire, tem referido muitas vezes que a próxima geração de líderes da empresa deverá repartir as suas incumbências entre um CEO, vários gestores de investimento e o seu filho Howard, um agricultor e filantropo que tem assento na administração da companhia desde 1993 e que é o guardião do património da empresa. Howard é o filho do meio dos três filhos de Warren.

 

O seu sucessor na presidência executiva da Berkshire está já identificado há três anos, conforme anunciou em Março de 2012, na célebre carta que dirige aos seus accionistas. No entanto, Buffett continua sem dizer o seu nome. Mas já disse que será alguém com experiência na gestão de uma grande empresa, não um investidor".

 

Assim, segundo referia em Maio passado o El País, entre os mais bem colocados para o cargo estão Greg Abel, responsável pela unidade de energia, Ajit Jain, que comanda o departamento dos seguros, e Matt Rose, que encabeça o sector ferroviário.

 

Há quem refira, no entanto, que existem mais cinco aspirantes: Todd Combs, que começou a trabalhar na Berkshire em 2011 vindo de um fundo de gestão de activos; Ted Weschler, um investidor que já venceu dois leilões onde se licita o famoso almoço anual com Buffett [as receitas revertem para instituições de beneficência]; Tracy Britt Cool, sua protegida e que entrou na Berkshire em 2009, quando tinha 25 anos; e o seu filho do meio, Howard Buffett.

De malas vazias rumo a Omaha

 

Não é à toa que chamam a este célebre investidor norte-americano o "Oráculo de Omaha", localidade onde tem sede a empresa a que preside. Em dia de assembleia-geral da Berkshire Hathaway, são milhares os accionistas que se reúnem para o ouvir.

 

O evento é conhecido como "Woodstock dos Capitalistas" e este ano, em Maio [que coincidiu com os 50 anos de Buffett à frente da empresa], contou com mais de 44 mil participantes.

 

Na semana em que tem lugar a assembleia-geral anual da Berkshire, as companhias de aviação norte-americanas costumam aumentar os preços dos bilhetes para Omaha, que chegam mesmo a quadruplicar. Chega a ser mais barato ir de Nova Iorque até cidades europeias, como Paris ou Londres, do que até Omaha.

 

Quem lá vai para ouvir ao vivo os seus ensinamentos, não sai de mãos a abanar. Literalmente. Além do know-how de Buffett, muitos chegam a Omaha com malas vazias, ávidos de recordações do célebre investidor e da sua multinacional, que são vendidas aos milhares por esses dias. E saem com elas cheias.


Os seus conselhos

"Tenham medo quando todos estiverem a ser gananciosos. Sejam gananciosos quando todos estiverem com medo". Este é um dos famosos conselhos de Warren Buffett e que alude à importância do investimento em contraciclo. Tinha 21 anos quando o deu. E provou estar certo, pois hoje é um dos homens mais ricos do mundo.

 

Sobre a qualidade das empresas onde investir, defende que "se não considerarmos a possibilidade de deter um determinado título durante 10 anos, não devemos detê-lo nem por 10 minutos". Já sobre a relatividade do preço das acções lembra que "é melhor pagar um preço razoável por uma óptima empresa do que pagar um óptimo preço por uma empresa razoável".

 

Gosta de dizer que o seu período de tempo favorito para deter uma acção é "para sempre" e ensina aos seus "acólitos" que avalia as empresas com base na sua estabilidade, na sua vantagem competitiva e naquilo que ele pensa que elas valerão no futuro, em vez de tentar identificar quando é que as acções estarão ao preço mais baixo para as comprar.

 

Recorde-se que Warren Buffett só investe em empresas que possuam vantagem competitiva duradoura. Para descobrir quais são, analisa as demonstrações financeiras ao detalhe: a demonstração de resultados, o balanço e a demonstração dos fluxos de caixa, também conhecida como "mapa de cash flow".

 

"São as demonstrações financeiras que lhe dizem se está a olhar para uma empresa medíocre, eternamente destinada a apresentar resultados fracos, ou para uma empresa com vantagem uma competitiva duradoura que vai fazer dele um super-rico", salienta um livro sobre o autor, escrito por Mary Buffett e David Clark e lançado em Portugal pela Actual Editora sob o título "Buffett e as demonstrações financeiras".

 

Buffett é conhecido por dizer que os seus investimentos não se baseiam num sector ou indústria em particular, mas sim em cada empresa que valha a pena. "Simplesmente procuro empresas que operem em áreas que eu compreenda e que me pareçam bem posicionadas dentro de cinco ou dez anos. Não procuro sectores específicos".

 

Em Março de 2011, segundo um "research" do JP Morgan, entre as empresas que apresentavam os requisitos necessários para serem alvo de cobiça por parte de Buffet estava a Jerónimo Martins. Segundo a nota de análise do banco, a dona do Pingo Doce era na altura uma das 40 cotadas europeias do sector que não faziam parte da carteira de investimentos de Buffett mas que poderiam fazer.

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