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Buffett assume compras "estúpidas" mas elogia últimos 50 anos

Na tão aguardada carta anual aos accionistas, Warren Buffett fala das suas aquisições e das contas da sua empresa. Não avança com pistas para novas compras. Mas convida os investidores a verem, pela internet, a reunião anual de Abril.

Warren Buffet foi o segundo investidor cuja fortuna mais diminuiu, em 2015. Desde o início do ano, os seus investimentos desvalorizaram 11,3 mil milhões de dólares. Fecha o ano com um património de 62,5 mil milhões de dólares.
Negócios 27 de Fevereiro de 2016 às 16:03
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O conglomerado que é controlado pelo multimilionário Warren Buffett, a Berkshire Hathaway, assume ter feito compras "estúpidas" ao longo dos últimos 50 anos. Na carta aos accionistas, Warren Buffett assume isso mesmo, mas também garante que tem gerado valor. E fala do critério contabilístico de registar redução de valor em activos que desvalorizam, mas nunca ter aumentar o seu valor quando valorizam. "Fiz algumas estúpidas aquisições, e o montante que paguei foi, mais tarde, desvalorizado [registado uma imparidade], o que reduz o valor do balanço da Berkshire. Mas também tivemos alguns vencedores - alguns dos quais muito grandes - mas nunca aumentámos o seu valor em qualquer cêntimo".

Diferenças contabilísticas, acrescenta, dizendo concordar com elas, que reduzem o valor de balanço da instituições. "Hoje, esses ganhos não registados - grandes e em crescimento - dos vencedores tornam claro que o valor intrínseco da Berkshire ultrapassa em muito o valor de balanço".

O ganho líquido da Berkshire em 2015 foi de 15,4 mil milhões de dólares, o que aumentou o valor por acção em 6,4%. Nos últimos 51 anos (desde que a actual gestão tomou conta da empresa), o valor de balanço por acção subiu de 19 dólares para 155 dólares. Tal como tem dito, Buffett volta a afirmar que recompraria acções próprias se o valor no mercado caísse abaixo dos 120% ao valor de balanço. As acções no entanto da empresa caíram 12% no ano passado, atingidas por investimentos em companhias como a American Express, Wal-Mart e IBM, enquanto o índice S&P 500 perdeu menos de 1%.


O multimilionário, conta o The Wall Street Journal, tinha como objectivo bater o desempenho do S&P numa base de cinco anos.

Além de divulgar a carta anual - tão esperada pelo mercado -, a Berkshire apresentou este sábado, 27 de Fevereiro, resultados anuais que dão conta de lucros de 24,08 mil milhões de dólares, o que compara com os 19,87 mil milhões um ano antes. Só no quarto trimestre os lucros aumentaram 32% para 5,48 mil milhões de dólares.

Os resultados são, assim, um novo recorde para Buffett, que nas últimas cinco décadas construiu uma empresa com um portefólio avaliado em 100 mil milhões de dólares, com activos nos seguros, energia, indústria, media, retalho e transportes.

Mas a carta é muito mais do que uma explicação sobre os seus negócios. Marca também posições do multimilionário. Este ano fala da América e como "os bebés nascidos na América de hoje são os mais afortunados da história".

Nas presidenciais deste ano, Buffett já assumiu apoiar Hillary Clinton.

Na carta, Buffett fala das mudanças climáticas mas, tal como salienta o The Wall Street Journal, dedicou pouco espaço ao petróleo. Deixou também poucas pistas sobre os próximos negócios. No ano passado comprou a Precision Cartparts por 32 mil milhões de dólares, a sua maior aquisição de sempre, e juntou-se à 3G para comprar a Kraft e fusioná-la com a Heinz.

O The Wall Street Journal diz que as aspirações para este ano parecem mais modestas. Não lançou pistas dizendo apenas que ele e o seu parceiro na gestão, Charlie Munger, vão continuar à procura de negócios. Berkshire é actualmente accionista de empresas que equivalem em dimensão à lista das maiores 500 da Fortune se fossem companhias cotadas.

"Todos os dias, os gestores da Berkshire pensam em formas de melhor concorrer num mundo cada vez mais desafiante".

Mas mais informações poderão ser dadas no encontro anual, em Omaha, sempre aguardado. E pela primeira vez Buffett e Munger vão emitir o encontro via internet. "Eu e o Charlie decidimos, finalmente, entrar no século 21", diz na carta anual, na qual convida à participação no encontro de 30 de Abril. E explica porque irá transmitir na internet. Já não há capacidade para mais pessoas no local. Em 2015 participaram 40 mil pessoas. E também porque os investidores, acrescenta, não precisam de viajar até Omaha para verem como "eu o Charlie somos e nos ouvirem". Lembra que Charlie Munger tem 92 anos e Buffett tem 85. Por isso brinca: não sejam muito duros na apreciação sobre a aparência.

A transmissão será na internet no sábado, 30 de Abril. Ao todo esperam 58 perguntas.

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