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Silva Rodrigues: "Obviamente não me demiti"

Presidente da Carris e do Metro de Lisboa diz que a sua demissão, na sequência da contratação de "swaps" na empresa é totalmente injusta e injustificada. "Terei seguramente oportunidades de demonstrar a minha razão", escreve Silva Rodrigues numa carta de oito páginas.

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07 de Junho de 2013 às 17:52
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O presidente da Carris e do Metro de Lisboa, que foi demitido na sequência da polémica em torno da contratação de "swaps" na transportadora rodoviária disse em comunicado que a decisão dos secretários de Estado do Tesouro e dos Transportes foi "injusta e injustificada". Por isso, Silva Rodrigues afirma que "obviamente não me demiti".

 

"Tenho a forte convicção (...) que não cometi qualquer acto que de alguma forma justificasse a apresentação de um pedido de demissão", disse o responsável no documento, de oito páginas, em que defende a forma como geriu as finanças da Carris nos últimos dez anos.

 

“A tutela financeira da Carris foi sempre informada, com todo o detalhe, através de template próprio, criado para o efeito, pela Direcção-Geral do Tesouro e anualmente, no relatório e contas da empresa, da evolução destes quatro produtos derivados não tendo suscitado, em momento algum, desde 2005, (data do primeiro contrato) até há cerca de dois meses, qualquer questão ou transmitida qualquer orientação sobre os referidos contratos”.

A defesa da minha honra obriga-me a provar que a minha demissão é totalmente injusta e injustificada.

 
Silva Rodrigues
Presidente da Carris e do Metro de Lisboa

 

Silva Rodrigues recordou que as empresas públicas foram legitimadas em 2009, pelo então secretário de Estado do Tesouro (Costa Pina) que determinou nessa altura “a contratação criteriosa de instrumentos de gestão de cobertura de risco”. O responsável garante que nenhum dos quatro contratos que a Carris tem no seu balanço são especulativos e critica todo o processo levado a cabo pelas Finanças e pelo IGCP.

 

“O Governo refere (...) que a intenção de demitir os gestores públicos envolvidos na negociação de contratos de instrumentos financeiros derivados de natureza claramente especulativa e/ou contratualmente desequilibrados surge na sequência do relatório elaborado pelo ICGP”, diz Silva Rodrigues. Mas o responsável realça que desconhece “o conteúdo do referido relatório e, consequentemente, a análise que faz aos quatro contratos existentes na Carris, pelo que em relação ao mesmo nunca pude exercer o direito do contraditório, conforme é suposto acontecer num Estado democrático”.

 

Silva Rodrigues refere ainda que “nas reuniões que os secretários de Estado acima citados [do Tesouro e dos Transportes] tiveram comigo, apenas uma vez me foi dito que existiam problemas com dois contratos na Carris, não me tendo sido explicado, com objectividade e rigor quais os problemas, nem qualquer racionalidade para que eu conseguisse entender sobre a decisão da demissão”.

Ao fim de 41 anos de carreira profissional, mais de 35 ao serviço do Estado, onde ocupei múltiplas funções de elevada responsabilidade, sou demitido num processo sumário, inadequadamente fundamentado e explicado, que atenta contra o meu bom nome e a minha reputação profissional, activos estes que, na verdade, foram os únicos bens que granjeei ao longo dos muitos anos de serviço público.

 
Silva Rodrigues
Presidente da Carris e do Metro de Lisboa

 

"Processo sumário"

 

“Não pretendo comparar as minhas responsabilidades de gestor a qualquer tipo de jogo, mas na verdade, avaliar as operações em causa hoje, da forma como o Governo o está a fazer, é como exigir que se conheça o resultado do jogo antes de ser jogado”, continua o gestor. “Saio por isso em boa consciência comigo próprio e com certeza do dever cumprido”, explica.

 

“Ao fim de 41 anos de carreira profissional, mais de 35 ao serviço do Estado, onde ocupei múltiplas funções de elevada responsabilidade, sou demitido num processo sumário, inadequadamente fundamentado e explicado, que atenta contra o meu bom nome e a minha reputação profissional, activos estes que, na verdade, foram os únicos bens que granjeei ao longo dos muitos anos de serviço público”, diz Silva Rodrigues.

 

O “histórico” presidente da Carris deixa ainda em aberto uma acção contra o Estado. “Terei seguramente oportunidades, porque vivemos num Estado de direito democrático, de demonstrar a minha razão”, avança Silva Rodrigues que conclui a carta, afirmado que “a defesa da minha honra obriga-me a provar que a minha demissão e totalmente injusta e injustificada”.

 

(Notícia actualizada às 18h33)

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