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Bruxelas: polícia do aeroporto denúncia falhas de segurança anteriores aos ataques
A falta de segurança no aeroporto de Zaventem era, segundo uma carta aberta da polícia destacada no local, um facto amplamente conhecido.
Numa carta aberta publicada pela polícia do aeroporto de Zaventem, um dos alvos dos ataques terroristas de 22 de Março, as autoridades denunciam falhas de segurança anteriores à tragédia e exigem mudanças.
Pode ler-se na missiva, publicada na íntegra pelo jornal Het Nieuwsblad, que todos os que já trabalharam na segurança do aeroporto "sabiam que isto iria ter lugar" mas "esperavam não estar a trabalhar nesse dia".
As autoridades criticam a "política de discriminação positiva de certas minorias" que permitiu a contratação de "sérios" criminosos, dando-lhes acesso a áreas sensíveis do aeroporto.
"O facto de estas pessoas poderem, em 2016, continuar a trabalhar em áreas extremamente sensíveis do aeroporto é incrível", diz a nota, acrescentando que é como colocar um lobo entre ovelhas.
Adianta ainda a missiva que a polícia do aeroporto estava convencida que havia indivíduos a vigiar as instalações com o propósito de perceberem quais condições de segurança, e critica o facto de qualquer pessoa ter acesso indiscriminado a quatro áreas, nomeadamente, à dos autocarros, comboio, chegadas e partidas.
Apontam ainda o dedo ao estacionamento desordeiro junto ao edifício e à falta de controlo na zona em que se largam passageiros, além das dezenas de sem-abrigo que dificultam o trabalho e colocam em causa as condições de higiene do próprio aeroporto.
As autoridades dão também conta das infra-estruturas desadequadas, do material datado, com que têm de trabalhar, e da falta de pessoal suficiente para assegurar a segurança do local.
A carta, que não está assinada, foi enviada ao maior sindicato de polícia belga e é o sinal mais recente da tensão entre os oficiais destacados em Zaventem e o Governo.
Os sindicatos de polícia avançaram no último ano com dois avisos formais de greve por questões relacionadas com o aeroporto, escreve o Finantial Times. Entre as reivindicações estavam a falta de pessoal e de condições de trabalho.
O principal aeroporto belga, de Zaventem, foi o primeiro alvo - o segundo foi o metro de Maelbeek - dos ataques de 22 de Março que fizeram 32 vítimas mortais, e feriram mais de 300 pessoas, 92 das quais ainda se encontram hospitalizadas.
Duas explosões no aeroporto danificaram a zona de "check-in", partiram janelas e fizeram cair boa parte do tecto. Desde essa data que o aeroporto se mantém encerrado.
Após a construção de estruturas provisórias, de testes e verificações, diz o aeroporto que está tudo a postos para uma reabertura parcial dos serviços, mas falta o "ok" final das autoridades competentes.
Certo, para já, é que "não haverá voos até 1 de Abril (incluido)", informa a operadora através da rede social Twitter.