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Zeinal Bava abandona presidência da Oi

Depois de várias notícias que davam conta da saída de Zeinal Bava da liderança da empresa, a confirmação veio em comunicado da empresa brasileira. O português saiu da empresa depois de meses de polémica por conta do GES.

Sara Matos/Negócios
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Zeinal Bava já não está à frente da Oi. Depois de meses de polémica, em que a dívida do Grupo Espírito Santo que não foi paga à Portugal Telecom esteve no centro, o gestor abandonou a presidência executiva da operadora brasileira.  

 

"Oi S.A. ("Oi" ou "Companhia", Bovespa: OIBR3, OIBR4; NYSE: OIBR e OIBR.C), em atendimento ao art. 157, §4º, da Lei nº 6.404/76 e nos termos da Instrução CVM nº 358/02, vem informar aos seus accionistas e ao mercado em geral que o Sr. Zeinal Abedin Mahomed Bava renunciou nesta data ao cargo de Diretor Presidente da Companhia", indica o comunicado emitido pela empresa brasileira.

 

Bava esteve, antes da Oi, ligado à Portugal Telecom, empresa para a qual entrou em 1999 (para a PT Multimédia, que depois daria lugar à Zon, hoje Nos). Aliás, a sua partida para a empresa brasileira, em Junho de 2013, ocorreu num movimento que antecedeu à fusão entre as duas empresas. 

 

CFO substitui para já, Genish é CEO mais apontado

 

Para já, ainda não há um substituto em permanência para o cargo ocupado pelo português, nascido em Lourenço Marques. A solução encontrada pela administração foi a de colocar o administrador com a responsabilidade das Finanças e das Relações com Investidores, Paoli Gontijo, em acumulação de funções com as de presidente executivo.

 

Gontijo fica no cargo "até que o conselho de administração da companhia delibere sobre a indicação do substituto para o cargo". O Valor Económico escreveu hoje que Amos Genish, fundador da operadora brasileira GVT, é o nome escolhido pelos maiores accionistas da Oi para substituir Bava. Mas sobre isso, nada está no comunicado.

 

Pressão dos accionistas da Oi

 

A decisão de Bava surge numa altura em que eram vários os rumores em torno de uma eventual demissão. No fim-de-semana, uma coluna de opinião da revista Veja indicou que os accionistas da brasileira Oi, o banco BTG Pactual e Otávio Azevedo do Grupo Andrade, queriam substituir o líder da empresa. E a ideia era a de que tal anúncio iria acontecer no "início da semana". Aconteceu na madrugada desta quarta-feira. 

 

As notícias sobre este tema referem sempre o investimento de dívida de uma empresa do Grupo Espírito Santo por parte da Portugal Telecom na ordem dos 900 milhões de euros. A Rio Forte não conseguiu fazer face a esse pagamento e a PT SGPS acabou por perder peso na estrutura accionista da Oi. Foram ordenadas auditorias. Uma delas, interna e noticiada esta terça-feira pelo Público, aponta responsabilidades para Bava – e para Henrique Granadeiro, que estava à frente da PT SGPS e que já se demitiu desse cargo.

 

A saída ocorre também numa altura em que a consolidação é o tema forte no Brasil. E em que a própria Oi está em processo de fusão ainda com a PT. De qualquer modo, neste momento, fala-se numa possível compra da Oi pela Telecom Italia, dona da brasileira Tim. O cenário inverso também já tem sido mencionado.

 

Saída antes de decisão sobre PT Portugal

 

Saindo do cargo, Bava não terá de lidar com aquela que, nos últimos dias, é a muito falada venda da PT Portugal (subsidiária da Oi onde estão integrados os activos da antiga PT como os serviços Meo). Têm surgido notícias de que a brasileira está em negociações para alienar aquela parte da empresa para se financiar e ganhar músculo para comprar a Tim.

 

"Até a presente data, não existe decisão visando à alienação de seus ativos em Portugal, nem tampouco recebeu qualquer proposta para isso", disse a empresa hoje. Mas como o Negócios tem escrito, a francesa Altice, dona da Cabovisão, está a posicionar-se para a aquisição.

 

Sai uma das imagens da fusão Oi e PT

 

Bava era uma das imagens da fusão da PT com a Oi. Com a sua saída, sai uma "força muito grande nessa fusão", comentou à Veja o analista da Ovum Ari Lopes. "O ponto agora é saber quem vai entrar no lugar, se é algum executivo da Portugal Telecom. (Caso contrário), pode ser uma pista de que essa fusão está desandando", disse.

 

"A saída de Bava também é ruim por ser o terceiro presidente a sair em cerca de quatro anos. Essa mudança constante atrapalha a gestão da empresa, falta à Oi estabilidade para resolver seus problemas", acrescentou ainda o analista nos comentários àquela revista.

 

De qualquer forma, Bava também já afirmou que a transacção da sua vida é outra. "A operação da minha vida foi o nascimento dos meus três filhos".  

 
Perfil de Zeinal Bava

Zeinal Bava iniciou funções na Portugal Telecom em 1999, empresa onde conseguiu uma carreira sempre ascendente.

 

Nomeado CEO da Portugal Telecom em Abril de 2008, Zeinal Bava entrou para a empresa depois de ter liderado a operação de entrada em bolsa da PT Multimédia (como financeiro do Merrill Lynch), companhia que chegaria anos depois a presidir.

 

O mandato de CEO da PT terminaria em 2014, mas, em Junho de 2013, assume as funções de presidente executivo da Oi.

 

Zeinal Bava, 48 anos, chegou a CEO da Portugal Telecom depois de concluída com sucesso a defesa da OPA da Sonaecom (num processo liderado por Henrique Granadeiro) e separado o negócio da televisão por cabo da empresa, uma das consequências da ofensiva da empresa de Belmiro de Azevedo sobre a PT.

 

Antes de chegar a CEO da PT, Zeinal Bava foi administrador financeiro da PT Multimédia, em 1999, tendo subido a CFO da PT um ano depois. Exerceu o cargo até 2006, altura em que já tinha também a função de presidente executivo da PT Multimédia, que manteve até 2007, quando esta empresa saiu do universo PT para dar lugar à actual Zon Multimédia.

 

A liderança executiva de Zeinal Bava na Portugal Telecom ficou marcada pela reentrada da empresa no negócio da televisão, com a criação da marca Meo, que assumiu rapidamente uma posição relevante no mercado, estando nesta altura com uma quota de 40%, a cerda de 10 pontos percentuais da líder Zon Multimédia, que pela primeira vez baixou da fasquia dos 50%.

 

Outro factor marcante foi a venda de metade da Vivo aos espanhóis da Telefónica, uma operação que permitiu reduzir a alavancagem da empresa e ao mesmo tempo manter a presença da PT no mercado brasileiro, através da entrada no capital da Oi.

  

Já foi várias vezes eleito melhor CEO do sector das telecomunicações na Europa. Zeinal Bava licenciou-se em Engenharia Electrónica na University College London. 

(Notícia actualizada com mais informações pelas 3h36)

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