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PT paga 14,3 milhões a administradores e nega 15 milhões a Granadeiro, Bava e Pacheco de Melo

Henrique Granadeiro e Zeinal Bava receberam mais de 1,5 milhões de euros cada um no ano passado. Os dois gestores e Pacheco de Mello têm ainda mais de 15 milhões a receber em prémios mas a PT não pretende pagar. Só no ano passado um administrador ganhou mais de 4 milhões.

Pedro Elias/Negócios
02 de Maio de 2015 às 22:18
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A PT SGPS gastou 14,33 milhões de euros com as remunerações pagas aos seus actuais e antigos administradores, de acordo com os cálculos do Negócios com base nos números divulgados pela companhia no relatório de Governo da Sociedade.

 

Este valor foi pago num ano em que rebentou o escândalo do investimento não reembolsado em empresas do GES que foram à falência e provocaram um rombo na cotação das acções e nas contas da empresa (prejuízos de 289 milhões de euros).

 

6,76 milhões para 26 administradores

 

Tendo em conta a remuneração fixa do exercício de 2014 e a variável do exercício de 2013, um total de 26 administradores auferiu 6,76 milhões de euros durante o ano passado.

 

5,01 milhões de euros dizem respeito à remuneração fixa relativa a 2014 e os restantes 1,74 milhões são referentes à remuneração variável relativa ao exercício de 2013.

 

A PT SGPS, como muitas outras cotadas, difere o pagamento de parte da remuneração variável para anos posteriores. Daí que só em 2014 os administradores tenham recebido parte da remuneração variável do ano anterior.

 

Os administradores que receberam os maiores montantes já não estão actualmente na empresa, tendo apresentado a demissão na sequência do investimento em dívida da Rioforte, que não foi reembolsada.

 

Henrique Granadeiro, que saíu da PT em Agosto, recebeu mais de um milhão em 2014, dividido entre 616 mil euros de remuneração fixa do exercício de 2014 e 431 mil euros referente a remuneração variável do exercício de 2013.

 

Os administradores que deixaram de exercer funções na comissão executiva da PT SGPS desde Setembro do ano passado ganharam regra geral mais de 700 mil euros cada um. É o caso de Alfredo José Silva de Oliveira Baptista, Carlos António Alves Duarte, Luís Pacheco de Melo e Manuel Rosa da Silva, Pedro Humberto Monteiro Durão Leitão e Shakhaf Wine.

 

Prémio da Vivo e variável de 2010 custam quase 5 milhões

 

Os valores referidos até aqui dizem respeito ao salário fixo de 2014 e variável de 2013. Mas as remunerações dos antigos administradores da PT foram superiores, pois no ano passado também receberam os prémios de venda da Vivo e a remuneração variável referente ao exercício de 2010.

 

Segundo o relatório da PT SGPS, publicado na passada quinta-feira, em Abril do ano passado foram pagos 2,55 milhões de euros a seis administradores da PT referente à venda da Vivo. Só Zeinal Bava, que na altura da venda da empresa brasileira à Telefónica era o CEO da PT, auferiu 1 milhão de euros.

 

Granadeiro, que era chairman, ganhou 800 mil euros, enquanto os administradores executivos receberam prémios de menor dimensão.

 

Também em Abril de 2014 estes administradores receberam remuneração variável referente ao exercício de 2010, num total de 2,34 milhões de euros.

 

Contas feitas, entre prémio de venda da Vivo e remuneração variável de 2010, seis administradores receberam um total de 4,9 milhões de euros. Nenhum deles já está na PT, devido ao investimento na Rioforte, que foi efectuado precisamente na altura em que estes prémios foram pagos.

 

No total, Henrique Granadeiro recebeu uma remuneração total de 1,8 milhões de euros em 2014, enquanto Bava ganhou 1,66 milhões de euros. Quatro administradores -  Carlos António Alves Duarte, Luís Pacheco de Melo, Manuel Rosa da Silva e Shakhaf Wine – ganharam mais de um milhão cada um.

 

Juntando todas as remunerações pagas (fixa de 2014, variável de 2013 e 2010 e prémio de venda da Vivo), a PT gastou 11,6 milhões de euros no ano passado com a remuneração dos seus administradores, como consta no quadro em baixo.

 

Shakhaf Wine ganhou mais de 4 milhões

 

Para chegar aos 14,33 milhões é preciso juntar a indemnização paga a Shakhaf Wine, em Janeiro de 2014. Este gestor, que agora está na Oi, recebeu 2,68 milhões de euros pela cessação de funções na PT Brasil e pela remuneração variável de anos anteriores na PT.

 

Shakhaf Wine foi assim o administrador que mais recebeu no ano passado, com uma remuneração total (entre salário, bónus variáveis de vários anos, prémio pela venda da Vivo e indemnização) que superou os 4 milhões de euros.

 

 

Prémios de 15 milhões não serão pagos a Bava, Granadeiro e Pacheco de Melo

 

A PT tem ainda por pagar vários milhões de euros a vários antigos administradores, em prémios de remuneração variável de anos anteriores e de cessação de contrato, mas de acordo com o relatório degoverno da sociedade, esses valores não serão pagos.

 

"Tendo em conta, designadamente (i) que se encontram comprometidos a sustentabilidade da Empresa e os objectivos estratégicos do Grupo definidos no início do processo da Combinação de Negócios e ainda (ii) os factos até agora apurados relativamente ao envolvimento dos referidos ex-administradores na contratação de instrumentos de dívida emitidos pela ESI e pela Rio Forte, foi deliberado pela Comissão de Vencimentos, sob proposta da Comissão de Avaliação, o não pagamento àqueles ex-administradores das remunerações variáveis respeitantes aos exercícios de 2011, 2012 e 2013 bem como das restantes cláusulas de saída no valor global de €15.327.294".

 

Os administradores são Zeinal Bava, Henrique Granadeiro e Pacheco de Melo. O antigo CEO da PT e da Oi tinha a receber 5,7 milhões de euros só por cessar o contrato com a PT. O fim do vínculo à PT valia 3,5 milhões de euros e a Pacheco de Melo 1,3 milhões de euros.

 

O administrador da PT SGPS, Rafael Mora, já tinha revelado que não seriam pagos estes bónus a estes gestores. "Se alguém nos quiser pôr em tribunal que ponha", adiantou Rafael Mora, sublinhando que a legislação está do lado da PT SGPS.

 

Quanto aos antigos administradores da PT que agora estão na PT Portugal (Carlos Alves Duarte Manuel Rosa da Silva e Pedro Durão Leitão), também têm direito ao pagamento de uma compensação aquando da cessação de funções, que foi transferida para a PT Portugal.

 

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