A brasileira Oi informou o mercado que não vai participar no leilão 4G. A operadora de telecomunicações fica assim de fora da corrida à alta velocidade de dados móveis, com as suas concorrentes Claro, Vivo, Tim e Algar a avançarem.

Várias casas de análise de investimento pesaram os prós e contras desta decisão e chegaram à conclusão de que existem desvantagens, mas também vantagens. A Oi - participada em 25,6% pela Portugal Telecom - pode vir assim a ganhar terreno sobre os seus adversários no médio e longo prazo.

A primeira desvantagem é a Oi ficar para trás na corrida brasileira à banda larga móvel, prevista para estar totalmente implementada em 2019. "O facto da Oi não possuir capacidade na faixa dos 700 mhz (os mais adequados para o 4G) poderá colocar a Oi numa desvantagem estratégica face aos seus concorrentes", aponta uma nota do BESI.

A crescente falta de competitividade da Oi por não ter disponível a rede 4G no futuro, também é apontada pelo BPI. "Com os dados móveis a serem a tendência mais forte no Brasil, e devendo vir a ser primordial na próxima década, optar por uma solução que irá reduzir a sua capacidade para uma cobertura a todo o país em dados móveis de alta velocidade parece prejudicar severamente a posição competitiva da Oi".

Outra desvantagem de não ir ao leilão 4G é o facto de ir enfraquecer a posição negocial da participada da Portugal Telecom numa futura fusão.

A posição da Oi vai estar assim enfraquecida "numa potencial consolidação e os termos potenciais de uma fusão ou aquisição vão certamente reflectir esta posição competitiva mais fraca", escreve o analista Pedro Oliveira do BPI.

Mas não ir a leilão também tem as suas vantagens. Primeiro, pelo dinheiro que a Oi vai poupar. "O facto é que a Oi vai poupar dinheiro e apesar de reconhecermos que a falta do 4G não vai ajudar o poder de negociação da Oi em qualquer possível discussão com a Tim, isto é superado pelos 2,9 mil milhões de reais (930 milhões de euros) que vão ser poupados pela não participação", sublinham Nuno Matias e Miguel Borrega do BESI.

A operadora de telecomunicações conta actualmente com uma pesada dívida, acumulando um passivo 46,2 mil milhões de reais (14,9 mil milhões de euros).

"Tendo em consideração que este leilão iria certamente implicar um investimento de mais de 700 milhões de euros, esta decisão vai reduzir a pressão na folha de balanços", analisa o BPI.

O facto da Oi ter decidido não avançar agora, não significa que a empresa de Zeinal Bava não avance no futuro. Para o Deutsche Bank, esta pode ser uma espera estratégica por parte da Oi, antecipando assim que a quarta licença pode vir a estar disponível no futuro por um preço mais baixo.

Com a decisão já tomada pela empresa de Zeinal Bava e com o leilão 4G a avançar no dia 30 de Setembro, chegou a hora da Oi avançar para a compra da Tim, realça o BESI.

Com a venda da fatia de 25% na angolana Unitel e o dinheiro que poupou com a não participação no leilão, a Oi pode estar a arranjar poder de fogo suficiente para avançar para a operadora da Telecom Italia.

"A Oi vai ter que assumir um papel activo, possivelmente apresentando uma oferta pela Tim de forma a assegurar o 4G e evitar esperar por uma proposta da Tim", o que iria enfraquecer a posição da participada da Portugal Telecom, escreve o BESI.

Nota: A notícia não dispensa a consulta da nota de "research" emitida pela casa de investimento, que poderá ser pedida junto da mesma. O Negócios alerta para a possibilidade de existirem conflitos de interesse nalguns bancos de investimento em relação à cotada analisada, como participações no seu capital. Para tomar decisões de investimento deverá consultar a nota de "research" na íntegra e informar-se junto do seu intermediário financeiro.