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Ex-administrador da Oi na PT confirma que saiu "desconfortável" com investimento no GES

O representante da Oi, Otávio Azevedo, saiu da administração da PT por se sentir "desconfortável" após a operação de financiamento ao Grupo Espírito Santo, admitiu o próprio ao Valor Económico.

Bruno Simão/Negócios
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Os administradores da brasileira Oi abandonaram os cargos no conselho da Portugal Telecom devido ao investimento de 897 milhões de euros feito no Grupo Espírito Santo. Os analistas já apontavam para essa ligação e, esta terça-feira, 2 de Julho, um dos administrador confirmou-o.

 

Otávio Azevedo (na foto), da Andrade Gutierrez, uma accionista de referência da Oi, afirmou ao Valor Económico ter saído por sentir-se "desconfortável". "Já tinha planos para deixar o Conselho [de Administração da PT]. Ao me sentir desconfortável por ter tomado conhecimento da operação, que não é pequena, apenas quando foi divulgada por comunicado à imprensa, achei que era hora de sair", afirmou o administrador à publicação económica brasileira, citado pela agência Lusa. O responsável acrescentou que, após comunicar a sua decisão a Magalhães Portella, este também decidiu sair da administração da operadora portuguesa.

 

O conselho de administração da empresa portuguesa, liderada por Henrique Granadeiro, não foi ouvido sobre a operação de subscrição de títulos de dívida de curto prazo (papel comercial) da Rioforte, sociedade do Grupo Espírito Santo. Um investimento de 897 milhões de euros.

 

"As operações de tesouraria são realizadas num contexto de análise  de várias opções de investimento de curto prazo disponíveis no mercado, tendo como referência a atractividade da remuneração oferecida, e têm acompanhamento e são sufragadas pela comissão executiva", dizia a PT no comunicado emitido esta segunda-feira, 30 de Junho. Só que a comissão executiva não é o conselho de administração. E, aí, esta operação de financiamento ao Grupo Espírito Santo, que tem 25% do Banco Espírito Santo, o principal accionista da PT, não passou. E os brasileiros só faziam parte da administração e não da comissão executiva.

 

"Comuniquei a minha decisão ao [Fernando Magalhães] Portella e ele também decidiu sair", disse Otávio Azevedo ao Valor Económico. A demissão de Azevedo e Portella foi comunicada ao mercado esta segunda-feira antes da abertura de mercados, sem quaisquer explicações.


Os analistas logo fizeram a ligação entre o financiamento ao Grupo Espírito Santo, feito numa altura em que enfrenta dificuldades financeiras, e a saída destes dois administradores brasileiros. O Diário Económico também avança hoje que a saída aconteceu em protesto contra a aplicação na Rioforte.

 

Este é um acontecimento que ocorre numa altura em que se aproxima a conclusão da fusão entre a PT e a Oi, que dará lugar àquela que tem sido designada de CorpCo. Aliás, a PT, neste momento, já entregou os seus activos à brasileira, pelo que o seu único activo, neste momento, é uma participação na Oi. Mas esta questão levantou dúvidas quanto aos termos da fusão. Como constatou ontem o Expresso Diário, nem os analistas sabem muito bem o que esperar de uma eventual reavaliação.

 

Esta incerteza tem sido penalizante para o valor da Portugal Telecom. Antes de ser conhecido o empréstimo ao GES, as acções da operadora seguiam nos 2,89 euros. Desde aí, as quedas têm sido intensas e têm levado a empresa a negociar a níveis inéditos desde 1996. Esta terça-feira, as acções resvalam 3,8% para os 2,453 euros.

 

(Notícia actualizada às 18h26)

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