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Bava não devolveu todo o dinheiro a Salgado
De acordo com o interrogatório a que foi sujeito no âmbito da Operação Marquês, Zeinal Bava não devolveu toda a quantia que recebeu de Ricardo Salgado, através da ES Enterprise. Quanto às operações que fez na PT, o gestor garante que nada faria de diferente.
Segundo a investigação, Zeinal Bava recebeu, entre 2007 e 2012 um total de 25,2 milhões de euros, através de contas fora de Portugal – na Suíça e Singapura – e transferidos pela ES Enterprise, empresa do universo Espírito Santo. O primeiro pagamento data de Outubro de 2007 e terá sido de 6,7 milhões; o segundo, em Janeiro de 2011, foi de 8,5 milhões; e o terceiro em Setembro de 2011 atingiu os 10 milhões de euros.
Agora, no interrogatório a que foi sujeito – e no âmbito do qual saiu do Ministério Público arguido – Zeinal Bava volta a referir que o dinheiro era para ser utilizado na compra de acções da PT que lhe estava confiado mas que não era para si. Às questões do procurador Rosário Teixeira e dos investigadores Inês Bonina e Filipe Costa, Bava assegurou que nunca se tinha sentido confortável com esta situação e garantiu que tinha insistido com Salgado para que esse acordo ficasse registado, o que só aconteceu mais tarde.
Mas porque só devolveu 18,5 milhões dos 25,2 milhões recebido, quiseram saber os investigadores. Faltava-lhe segurança jurídica, disse Zeinal Bava, por isso, só devolveu "aquilo que eu, legalmente, senti que fazia sentido devolver com as garantias que tinha. Se me disser, está disposto a devolver o resto? absolutamente disposto", declarou. Zeinal Bava, tal como o Negócios avançou, aderiu ao perdão fiscal para fazer entrar no país dinheiro que estava no estrangeiro.
Assegurou, também, que só Bava sabia, na PT, desse dinheiro. Nem Henrique Granadeiro, que era o "chairman" e que chegou a acumular com a pasta de CEO, saberia. "O contrato era confidencial. Eu não tinha, não tinha autorização para falar com ninguém. (...) Nem o Granadeiro, nem ninguém".
Aliás, Bava por várias vezes faz questão de sublinhar que não recebeu o dinheiro, este apenas lhe foi confiado.
Sobre os negócios que estão sob investigação – OPA da Sonae sobre a PT, cisão da PT Multimédia, venda da Vivo e entrada na Oi – Bava disse que não falava com José Sócrates, embora admita que tenha estado numa reunião em São Bento (onde disse não ter tido "grande intervenção"). Mas sobre os processos concluiu: "em relação a tudo que a gente falou sobre decisões da OPA, na venda da Vivo, no reajustamento da Vivo, etc, em nada, em nada eu faria diferente do que aquilo que fiz. Ok? Em nada".
No final, ficou a ideia de que Zeinal Bava poderá voltar a ser chamado para novo interrogatório na Operação Marquês.