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Sócrates também terá tentado controlar o Público

A Visão escreve que o ex-primeiro-ministro intercedeu no sentido de a Sonae vender o jornal Público ao grupo Lena, utilizando Armando Vara como intermediário.

Negócios 27 de Julho de 2017 às 13:47
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Além da TVI, José Sócrates também terá tentando passar para mãos da sua confiança o jornal Público, segundo noticia a revista Visão na edição desta quinta-feira, 27 de Julho.

 

A Visão escreve que Paulo Azevedo, CEO da Sonae, revelou, no âmbito de declarações prestadas ao Departamento Central de Acção Penal (DCIAP), que recebia com frequência telefonemas de Sócrates quando este era ainda primeiro-ministro.

 

Nesses telefonemas Sócrates mostrava-se habitualmente "zangado" com as investigações do Público – detido pela Sonae – sobre a sua pessoa, sendo que nos mesmos PAulo Azevedo terá confirmado ao antigo líder do PS a disponibilidade do grupo nortenho para vender aquele diário.

 

Numa dessas ocasiões Sócrates terá afirmado que "tinha um excelente comprador", sugerindo a Paulo Azevedo que fosse conversar com Armando Vara, amigo do ex-governante e na altura administrador do BCP. Azevedo foi à sede do banco falar com Vara que, por sua vez, lhe transmitiu que o comprador em causa era o grupo Lena.

 

Oportunidade de negócio prontamente recusada pelo filho de Belmiro de Azevedo por considerar que a empresa leiriense não cumpria os requisitos de "reputação" na área da comunicação social nem salvaguardava a independência do poder político. Apesar de ter dito ao Ministério Público – em Setembro de 2015 - que achou "muito estranho" todo este processo, Azevedo garante que não procurou saber mais pormenores.

Paulo Azevedo considerou estranho que Sócrates lhe tenha dito que só Vara lhe poderia dizer quem era o comprador em causa, embora o empresário desconheça se o também antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos surgia como interessado por ser o BCP a poder financiar a operação de compra do Público pelo grupo Lena.

 

As conversas de Paulo Azevedo com Sócrates terão coincidido com a época em que o Público noticiou um conjunto de investigações, quer ao processo da licenciatura de Sócrates na Independente, quer às assinaturas de projectos de casas na Guarda quer, por fim, às suspeitas relacionadas com alegada fraude fiscal na aquisição do apartamento do ex-secretário-geral socialista no Heron Castilho, em Lisboa.

 

Esse foi também o intervalo temporal em que Armando Vara se tornou número dois do BCP – cargo que abandonou no final de 2009 quando estacou o caso Face Oculta, no qual foi condenado a cinco anos de prisão – e antecedeu a estreia em banca do jornal i, em Maio de 2009, uma publicação inicialmente lançada pelo grupo Lena.

 

Contactados pela Visão, Sócrates desmentiu estas declarações acusando Paulo Azevedo de se prestar "a estas intrigas", Vara não quis prestar declarações e o grupo Lena afiança que "nunca foi trocada qualquer informação, fosse de que teor fosse, com o antigo primeiro-ministro sobre esses assuntos ou outros".

 

O depoimento de Paulo Azevedo ao DCIAP está a ser utilizado pelos investigadores a cargo da Operação Marquês, pela qual Sócrates está indiciado da prática de crimes de corrupção, branqueamento de capitais e fraude fiscal. Investigação que terá também chegado ao suposto plano de Sócrates para controlar a TVI, um caso exposto pelas escutas feitas pela operação Face Oculta a Armando Vara e em que o ex-ministro socialista abordava um alegado plano para a compra da estação de Queluz de Baixo à Media Capital por um consórcio em que surgiria o grupo Lena, o Tagus Park (via Rui Pedro Soares, então administrador da PT, empresa accionista do Tagus Park), e ainda investidores angolanos.

 

A Operação Marquês também já destapou informação que aponta para a alegada interferência de José Sócrates na escolha dos líderes editoriais de publicações da Global Media. O antigo governante terá recorrido ao seu então advogado, Daniel Proença de Carvalho, à data líder da Global Media, para que fosse escolhido para a direcção do Jornal de Notícias Afonso Camões, alguém que nas palavras de Sócrates não faria perguntas e obedeceria.

 

Até hoje, José Sócrates sempre negou qualquer tentativa de interferência com vista ao controlo ou influência sobre a comunicação social. 

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