Notícia
Sócrates dá a sua versão sobre a PT em vídeos no Youtube
O embuste sobre a PT é como titulou o vídeo publicado esta sexta-feira, 1 de Setembro, no Youtube, para dar a sua versão sobre o caso PT, a ser investigado na Operação Marquês.
"Decidi gravar estes pequenos vídeos em legítima defesa. Em legítima defesa do último embuste que o Ministério Público (MP) pretendeu criar a propósito da PT. No fundo, a ideia sugerida é que o meu Governo teria tido actuação desonesta de favorecimento dos accionistas da empresa. Acontece que isto é absolutamente falso e desejo demonstrá-lo não com base em especulação, mas com factos, em documentos e em números".
É desta forma que José Sócrates inicia o vídeo, colocado esta sexta-feira, 1 de Setembro, no Youtube, para se defender do que diz serem as falsidades que têm sido referidas a propósito da sua intervenção, enquanto primeiro-ministro, na PT, nomeadamente durante a OPA (Oferta pública de aquisição) da Sonae sobre a operadora de Picoas, durante a venda da Vivo e entrada da Oi. Para já, é apenas este o caso no qual Sócrates se debruça nestes vídeos. A Operação Marquês está a investigar as ligações de Sócrates com a PT, mas também outras como o financiamento da Caixa a Vale do Lobo ou as empreitadas que o grupo Lena venceu durante o seu mandato.
José Sócrates divide o vídeo por capítulos. São, neste vídeo de 11 minutos e 52 segundos, cinco capítulos: o fim do monopólio; a OPA da Sonae; o voto da Caixa; o veto à venda da Vivo; e a parceria com a Oi.
Em cada um dos capítulos, Sócrates ataca e defende-se. "Parece que para alguns pouco interessa a verdade, mas os factos resistem. São eles que constroem a verdade material. Nenhuma justiça se pode alcançar com base na falsificação histórica", acaba por concluir.
Com a assinatura de youtuber "não vem ao caso", Sócrates – que diz que o monopólio da PT acabou "efectivamente" com o seu Governo – defende que os factos são muito poderosos. E não permitem a manipulação".
Recusa qualquer benefício dos accionistas da PT por parte do seu Governo e é logo na afirmação de que foi o seu Governo que acabou com o monopólio da operadora que segue o resto do percurso.
No caso da OPA da Sonae sobre a PT – que o Ministério Público suspeita ter levado Ricardo Salgado a acordar com o primeiro-ministro pagamentos para que tivesse uma posição contra a pretensão da Sonae – Sócrates diz que a imputação de que o Governo teria agido para derrotar a OPA em benefício dos accionistas da PT é "a mentira mais repetida pelo Ministério Público pelos jornais afectos e pelas inacreditáveis intrigas agora recuperadas pela própria Sonae. Não passa de uma falsidade facilmente desmentida pelos factos".
Sócrates repete o que tem dito que o Governo optou por uma postura de neutralidade em todo o processo, consubstanciada numa determinação para o representante do Estado se abster na votação em assembleia-geral, e que não deu qualquer indicação de voto à Caixa Geral de Depósitos. Aliás, segundo Sócrates foi, até, o próprio Paulo Azevedo, agora presidente da Sonae, que telefonou ao então primeiro-ministro a pedir a sua intervenção para que a CGD votasse a favor da OPA. Para Sócrates foi então o concorrente "que pediu ajuda e parcialidade", lamentando que venha agora dizer que "estavam todos feitos". Foram essas as palavras de Paulo Azevedo, em Março deste ano, sobre a OPA.
Sócrates responde: "Não não estavam todos feitos. Para alguns todas as derrotas parecem ser culpa do árbitro".
São, para o ex-primeiro-ministro, "infundadas e mal intencionadas" as acusações de que o Governo interferiu no desfecho da OPA. Até o voto da Caixa, contra a OPA, não teve, nas palavras de Sócrates, dedo do Governo. E volta a repetir que mesmo que a Caixa tivesse votado favoravelmente, a OPA tinha, de qualquer forma, sido chumbada.
Fala, também, no Youtube, do veto à venda da Vivo, no qual o Estado usou pela primeira vez (e última, já que depois da "golden share" na PT acabou) a "golden share". Para Sócrates, "é absurda e estapafúrdia" a insinuação de que "o uso da 'golden share' tenha constituído uma encenação com os accionistas". A sua utilização não foi combinada e até, diz, foi contra os seus interesses, a favor da economia portuguesa e internacionalização da PT. "Não passa de um insulto a quem apenas quis servir o seu país".
Quanto à Oi, Sócrates lembra que a fusão com a PT só foi decidida três anos depois da parceria, em 2010, entre as duas empresas, já com o governo que sucedeu a Sócrates. Foi, declara no vídeo, um investimento decidido pela PT "e não pelo Governo, que não tinha informação sobre aquela empresa".