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Sócrates: Oposição do Governo à OPA da Sonae à PT é “uma descarada mentira"
Em resposta à reportagem do Público, o antigo primeiro-ministro nega ainda que tenha sido o Governo a “sugerir a parceria com a empresa Oi”. E garante que as reuniões com Salgado foram só a pedido do banqueiro.
"É falso que o Governo da altura, e em particular eu próprio, como primeiro-ministro, se tenha oposto à OPA [Oferta Pública de Aquisição] da Sonae. Este é um embuste que a Sonae, o Ministério Público e os jornais afectos repetem com frequência, não deixando, por isso, de ser uma descarada mentira". É assim que José Sócrates reage à investigação publicada na edição de quarta-feira do Público sobre os negócios realizados nos último anos que levaram a toda-poderosa PT a passar a subsidiária do Grupo Altice.
Num artigo de opinião publicada esta quinta-feira, o antigo primeiro-ministro alega que "é igualmente falso que tenha sido o Governo a sugerir a parceria com a empresa Oi", que neste momento está em recuperação judicial. Segundo Sócrates, a decisão de entrar no capital desta operadora brasileira foi "da exclusiva responsabilidade da administração da PT, tendo as negociações entre as duas entidades decorrido com total autonomia empresarial", negando, assim, "o ‘patrocínio de S. Bento’".
Ainda no âmbito da fusão com a Oi, que devido à polémica dívida de 897 milhões de euros da Rioforte teve de ser renegociada, Sócrates aponta que as "diversas etapas" da operação aconteceram na vigência do Governo que o sucedeu, "sem que este tivesse levantado qualquer objecção, podendo fazê-lo, nomeadamente, através da participação que ali detinha através da CGD". Um ponto que para Sócrates "não vem ao caso", na reportagem.
Aliás, a expressão "não vem ao caso" é utilizada em quase todos os pontos elencados por José Sócrates no artigo, 11 no total. A frase foi proferida por várias vezes pelo juiz brasileiro Sérgio Moro quando surgia algum facto que pudesse pôr em causa a tese da culpabilidade do Presidente Lula da Silva, conforme explica Sócrates no mesmo artigo.
José Sócrates, que é arguido na Operação Marquês por suspeitas de crimes de corrupção entre outros, aproveitou o artigo para falar ainda "sobre essa estranha patranha" da sua "alegada proximidade com o Dr. Ricardo Salgado". Começa por dizer que teve e tem "consideração" por Ricardo Salgado, mas nunca foi "seu próximo nem fazia parte do seu círculo de amigos".
O antigo governante alega ainda que enquanto foi primeiro-ministro nunca o visitou "No seu banco", nem foi "a sua casa". "As reuniões que tivemos sempre foram a seu pedido no meu gabinete. A nossa relação sempre foi cordial e institucional, apesar do diferendo público relativo às nossas posições a propósito do veto do Governo à da saída da PT do Brasil", acrescentou, referindo-se à venda da participação da OT na Vivo à Telefónica.