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Medo de serem apanhados levou Bava a devolver dinheiro de Salgado

Bava devolveu 18,5 milhões do dinheiro que recebeu de Salgado. O Ministério Público diz que a devolução foi feita por medo de serem apanhados, depois da prisão de Sócrates.

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A detenção  preventiva de José Sócrates, em Novembro de 2014, fez com que Ricardo Salgado e Zeinal Bava se defendessem por causa do dinheiro entregue pelo ex-banqueiro ao gestor. Esta é a tese do Ministério Público na acusação que imputa ao ex-primeiro-ministro um total de 31 crimes.

De acordo com a investigação Operação Marquês, Zeinal Bava terá recebido, com indicação de Ricardo Salgado, 25,2 milhões de euros entre 2007 e 2011. O primeiro pagamento detectado pelo Ministério Público foi em 2007, num total de 6,7 milhões de euros. Os restantes 18,5 milhões foram transferidos em 2011.

Dois pagamentos tratados de forma diferente. O primeiro, o de 6,7 milhões, levou Zeinal Bava a recorrer ao perdão fiscal (RERT) para que o dinheiro pudesse entrar em Portugal.

Os restantes 18,5 milhões de euros é que estão nas suspeitas do Ministério Público de que foram forjados documentos de forma combinada entre Zeinal Bava e Ricardo Salgado, que traçaram a estratégia para a devolução desse dinheiro. Tudo depois de José Sócrates ter sido detido em 2014, e com medo que as transferências fossem detectadas.

"Com as detenções de arguidos realizadas no âmbito dos presentes autos, em Novembro de 2014, o arguido Ricardo Salgado, sabendo que tinha realizado pagamentos ao arguido José Sócrates, que havia sido detido, e receando que pudessem ser identificados os pagamentos realizados ao arguido Zeinal Bava, iniciou diligências no sentido de ser montada uma justificação para o pagamento das referidas quantias", diz a acusação.

Foi então que combinaram o documento que estabelecia um contrato entre os dois, que sugeria que o pagamento a Bava estava relacionado com uma futura compra de acções da PT, para remunerar os gestores fiéis. Bava defendeu junto dos investigadores que detinha o dinheiro fiduciariamente e que não seria seu por direito. "Por recear que tais pagamentos fossem, entretanto, detectados o arguido Zeinal Bava acordou com o arguido Ricardo Salgado a celebração de contrato que permitisse justificar o seu recebimento", lê-se na acusação. O Ministério Público diz que o contrato foi forjado entre finais de 2014 e inícios de 2015. E de acordo com a acusação os dois arguidos combinaram a forma de devolver os 18,5 milhões ao GES, cujas empresas já estavam em insolvência no Luxemburgo. Por isso, a devolução entrou na massa falida da ESI, em Janeiro de 2016. Bava nunca tinha referido o recebimento desse dinheiro pelo GES, nem quando foi ouvido na comissão de inquérito parlamentar.

Zeinal Bava é acusado, pelo Ministério Público, de cinco crimes: um de corrupção passiva, um de branqueamento de capitais, um de falsificação de documento e dois de fraude fiscal qualificada.
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