Notícia
Anatel trava assinatura de proposta de recuperação judicial da Oi
A entidade reguladora das telecomunicações no Brasil impediu a operadora Oi de assinar os termos do acordo para pôr em marcha o plano de recuperação judicial aprovado pelos administradores da empresa.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) anunciou que a Oi não pode assinar a proposta de recuperação judicial (PSA) da operadora, aprovada pelos seus administradores na passada sexta-feira, até os termos do acordo serem analisados pela entidade reguladora.
Na passada sexta-feira, o conselho de administração da Oi aprovou "por maioria, com três votos contrários", o plano de recuperação judicial (PSA), revelou um comunicado emitido junto do regulador do mercado de capitais brasileiro.
Mas, esta segunda-feira, os principais credores internacionais da Oi criticaram o facto de a operadora ter rejeitado um plano alternativo de recuperação judicial para a empresa, apresentado por estes na semana passada.
No comunicado da Oi a dar conta da decisão da Anatel, é explicado que a Agência Nacional de Telecomunicações exigiu uma avaliação prévia do acordo da Oi antes de este ser assinado.
Assim, a Anatel quer que o "board" da Oi apresente formalmente os documentos pertinentes relativos a este acordo. Após a notificação, o conselho de administração da operadora dispõe de 24 horas para demonstrar que "a aprovação e a execução do instrumento não oferecem riscos à continuidade dos diversos serviços oferecidos pela companhia".
A Anatel determinou que a Oi "deve abster-se de assinar o PSA antes da apreciação da minuta pelo conselho director da Anatel, exame este que preservará a autonomia governativa da empresa".
Segundo a Anatel, considerando o comunicado da Oi informando sobre a aprovação, a 3 de Novembro, da proposta de apoio ao plano de recuperação judicial, "instrumento negocial, com natureza de pré-contrato, de conteúdo vinculante para a empresa relativamente a obrigações de carácter pecuniário", bem como o facto de não serem "plenamente conhecidos" os "exactos termos" do PSA", existe a "possibilidade de efectiva introdução de riscos", pelo que é imperioso que a autoridade reguladora o analise antes da sua eventual assinatura.
A análise ao PSA, sublinha a autoridade reguladora brasileira, versará exclusivamente sobre a "existência ou não de cláusulas ruinosas para a companhia, particularmente aquelas cujo conteúdo implique antecipação de obrigações pecuniárias que, uma vez executadas, possam afectar a operação da empresa e da concessão, além de trazer impactos aos consumidores, à prestação dos serviços e, em carácter relacional, a todo o Sistema Brasileiro de Telecomunicações".
Em inícios de Agosto, a Anatel pediu à Oi para refazer o plano de recuperação judicial que a empresa tinha em mãos - e que pretendia apresentar na assembleia geral de credores -, por ter algumas dúvidas sobre a "fiabilidade temporal" da versão apresentada. E considerou, nessa altura, que a Oi necessitava de mais garantias de capital.
A Oi, na qual a portuguesa Pharol [antiga PT SGPS] é accionista de referência, com 22,24% das acções, esteve num processo de fusão com a Portugal Telecom, que nunca se concretizou.
A Anatel é uma das maiores credoras da Oi. A operadora acumulou multas de cerca de 11 mil milhões de reais (cerca de 3 mil milhões de euros).
Desde 20 de Junho do ano passado que a Oi e as suas seis subsidiárias se encontram em recuperação judicial, uma medida que visa evitar a falência do grupo. Nas semanas anteriores à entrega do pedido de recuperação, a Oi e os credores não conseguiram encontrar uma solução para a renegociação da dívida que se situava em 65,4 mil milhões de reais (17 mil milhões de euros).
(notícia actualizada às 00:56)