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2010: Adeus Vivo, olá Oi. O início do fim do triângulo virtuoso

O ano de 2010 marcou a saída da PT da brasileira Vivo e o início da aliança com a Oi. Hoje, a Oi tem em mãos um processo de recuperação judicial e em breve as marcas PT e Meo vão acabar.

Pedro Elias
31 de Maio de 2017 às 08:00
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"Hoje é o dia em que a PT inicia um novo capítulo e que enfrenta um novo desafio na sua história centenária". Foi assim que, a 28 de Julho de 2010, Henrique Granadeiro, na altura presidente do conselho de administração da PT, anunciou a venda da participação na brasileira Vivo e a entrada na Oi. Um negócio que foi considerado uma vitória pela administração da operadora e pelo Governo de José Sócrates, mas que viria a ditar o fim da "campeã nacional" PT.

No final da década de 90 o Executivo incentivou as empresas nacionais a apostarem fora de portas, nomeadamente nos países de língua portuguesa. A PT seguiu o conselho, e fez do Brasil um vértice daquilo que mais tarde viria a ser conhecido pelo triângulo virtuoso: Portugal, Brasil e África.

Para ganhar espaço no mercado brasileiro, a empresa, à data liderada por Murteira Nabo, aliou-se à espanhola Telefónica. Juntas, criaram em 2002 a operadora Vivo, controlada em 60% pela Brasicel - detida a meias pela PT e pela Telefónica.

Uma aposta que corria de vento em popa, tendo o Brasil chegado a representar em 2009 quase metade da facturação da operadora portuguesa.

O mercado brasileiro de telecomunicações estava então ao rubro com perspectivas de crescimento a duplo dígito, o que levou a Telefónica a querer aumentar o seu peso na operação e a convencer os accionistas portugueses a venderem a sua posição na Brasicel.  Apesar de ser essa a sua vontade, o negócio contou, contudo, com entraves. O Governo decidiu usar a "golden share" para bloquear a operação. O então primeiro-ministro só iria aprovar a venda da Vivo se a PT continuasse com um pé no Brasil.

Após longas conversações entre os Executivos português e brasileiro e os accionistas dos dois lados do Atlântico, em 2010 chegaram a um acordo: a PT vendeu a posição na Vivo e entrou no capital da Oi. O negócio iria materializar-se da seguinte forma: dos 7,5 mil milhões de euros recebidos pela venda da Vivo, 3,75 mil milhões seriam para comprar 25,6% da já endividada Oi. O resto do montante foi para premiar os accionistas.

Para Lula da Silva, o negócio era uma "possibilidade de novos investimentos no Brasil" e um novo fôlego para a "supertele". O então presidente brasileiro garantia que a empresa continuaria a ser "brasileira da silva".

O discurso no Palácio de S. Bento seguiu as mesmas linhas optimistas: "Valeu a pena ter resistido às pressões dos mercados financeiros, dos interesses mais imediatistas , daqueles que ameaçavam com processos judiciais, resistido às pressões de OPA hostis, daqueles que diziam que se podia e devia fazer um negócio que limitava a PT", disse José Sócrates a 28 de Julho de 2010.

"É um acordo excelente", que vai permitir criar "um grande operador de telecomunicações de língua portuguesa", sublinhou o então primeiro-ministro. "A PT entra na maior operadora brasileira, com mais clientes e facturação do que a Vivo".

A entrada no capital da Oi foi concluída em Março de 2011. Os laços entre a PT e a operadora brasileira foram-se aprofundando. tendo terminado mesmo com um pedido de casamento em 2013. Em Junho desse ano, Zeinal Bava, na altura CEO da PT, fez as malas e foi para o Brasil assumir a liderança da Oi e preparar o terreno para a fusão que iria criar uma gigante mundial, como o próprio assegurou.

O fim da PT e da Meo
O casamento nunca se concretizou nos moldes originalmente planeados. Mas pelo caminho, tal como tinha sido prometido, a PT entregou a Meo à Oi no âmbito do aumento de capital de Maio de 2014. Em contrapartida, a Oi ficaria responsável pela dívida da PT. O problema? A aplicação financeira que a PT tinha feito na Rioforte, empresa do Grupo Espírito Santo que tinha entrado em insolvência,  deixado a  operadora com uma dívida de 897 milhões de euros.

Os accionistas brasileiros não gostaram da reviravolta e exigiram a renegociação dos termos da fusão, que resultou em condições menos favoráveis aos portugueses, que viram a sua ‘fatia’ encolher de 37% para cerca de 27%. Além disso, a dívida da Rioforte passou para a alçada da PT SGPS (hoje Pharol).

A o mesmo tempo, a situação financeira da Oi foi-se degradando ao longo dos anos, com a dívida a aumentar a um ritmo acelerado. A operadora brasileira decidiu vender a Meo ao grupo francês Altice por 5,6 mil milhões para aliviar o balanço financeiro, mas não foi suficiente. Em Junho de 2016, a braços com uma dívida de 65,4 mil milhões de reais (perto de 18 mil milhões de euros), a Oi avançou com um pedido de recuperação judicial, o maior da história do Brasil.

Já a incumbente PT, passou a ser uma subsidiária da francesa Altice. Em breve vai deixar cair a marca histórica PT, bem como a insígnia Meo. Até ao segundo trimestre de 2018 serão substituídas pela marca global Altice.

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