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Crise global de chips agrava-se e já atinge a Apple, BMW e Ford

As mesmas empresas que beneficiaram com o aumento da procura por telefones móveis, portáteis e produtos eletrónicos durante a pandemia, o que provocou a falta de chips, estão a sentir o aperto com a falta dos componentes.

A pandemia contribuiu para a compra de aparelhos com microprocessadores cujos fornecedores não tinham em quantidade suficiente para entrega.
Sefa Ozel
01 de Maio de 2021 às 18:00
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O défice global de chips está a piorar de dia para dia. Assim como as gigantes de tecnologia Apple e Samsung Electronics, fabricantes automóveis  em três continentes sinalizaram cortes de produção e perda de receitas devido à crise.

Num período de apenas 12 horas, a Honda disse que vai interromper a produção em três fábricas no Japão; a BMW reduzirá turnos em fábricas na Alemanha e na Inglaterra; e a Ford Motor reviu em baixa a previsão de lucro anual devido à escassez de chips, que deverá prolongar-se até ao próximo ano. Logo depois, a Caterpillar sinalizou que pode não conseguir responder à procura de máquinas usadas pelos setores de construção e mineração.

 

Agora, as mesmas empresas que beneficiaram com o aumento da procura por telefones móveis, portáteis e produtos eletrónicos durante a pandemia, o que provocou a falta de chips, estão a sentir o aperto. Após um forte segundo trimestre, o diretor financeiro da Apple, Luca Maestri, alertou que os problemas de fornecimento têm afetado as vendas de iPads e Macs, dois produtos que tiveram desempenho especialmente positivo durante os confinamentos. Maestri disse que este constrangimento deverá reduzir a receita de 3 a 4 mil milhões de dólares durante o terceiro trimestre fiscal.

"É uma luta, e temos de estar em contato diário com os fornecedores. Temos de assegurar que é importante para eles", disse o CEO da Nokia, Pekka Lundmark, numa entrevista esta quinta-feira à Bloomberg Television.

"Quando há escassez no mercado, quanto mais fortes são as empresas a nível global, e mais fortes são os seus relacionamentos e a forma como gerem as expectativas", melhor conseguem lidar com a crise.

Ao mesmo tempo, fabricantes de semicondutores divulgam vendas crescentes e prometem investir milhares de milhões para expandir a capacidade enquanto tentam acompanhar a procura. A Qualcomm, maior fabricante do mundo de chips para smartphones, disse que a procura por aparelhos começa a recuperar com o regresso à normalidade em alguns mercados que foram paralisados pela pandemia.

A STMicroelectronics, um importante fornecedor de chips para fabricantes automóveis, disse que o lucro da sua unidade automóvel e de energia deu um salto de 280% no primeiro trimestre. O CEO Jean-Marc Chery atribuiu o desempenho à recuperação surpreendente na procura, bem como a adoção pela indústria de novos recursos digitais que exigem mais chips para a nova onda de restrições da cadeia de fornecimentos.

 

A Samsung, que é tanto produtora quanto utilizadora de chips, disse na quinta-feira que a falta de componentes contribuirá para uma queda da receita e do lucro neste trimestre na divisão móvel, que produz os smartphones Galaxy.

Além da Apple, cujos iPhones de gama alta e elevada procura a colocam na frente da fila, a escassez de chips ameaça amortecer uma recuperação preliminar no mercado de smartphones. As remessas mundiais aumentaram cerca de 27%, para 347 milhões de aparelhos no primeiro trimestre, impulsionadas por uma infinidade de novos modelos e uma rápida retoma pós-pandemia na China. A falta de componentes pode enfraquecer esse impulso ao longo de 2021.

"A Covid-19 ainda é um aspecto importante, mas já não é o principal constrangimento", escreveu na quinta-feira Ben Stanton, da Canalys. "O fornecimento de componentes essenciais, como chipsets, tornou-se rapidamente numa grande preocupação e afetará as entregas de smartphones nos próximos trimestres."

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