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Start-ups: "Centauros" portugueses que podem transformar-se em "unicórnios"

Várias universidades norte-americanas têm uma palavra a dizer na geração de start-ups unicórnio. E as portuguesas podem vir a gerar estas empresas? O que é preciso para existirem mais “unicórnios”?

10 de Outubro de 2015 às 15:00
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Nos últimos anos, o desenvolvimento de start-ups tem vindo a crescer. O ecossistema está a aumentar. A partir do próximo ano a Web Summit vai realizar-se em Lisboa, tendo a escolha recaído sobre a capital nacional devido, segundo o presidente-executivo do evento, às "boas infra-estruturas, ao incrível local que acolherá o evento e à crescente comunidade start-up".

Ainda que as start-ups com avaliações de mil milhões de dólares ou mais – chamadas de unicórnios – residam sobretudo nos Estados Unidos, a Europa começa já a dar cartas nesse sentido. E Portugal? Quando e o que é preciso para que Portugal possa integrar a lista de países europeus que têm unicórnios (a Farfetch de José Neves é luso-britânica)?

João Rafael Koehler (na foto), presidente da Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), sustenta que as empresas nacionais enfrentam, sobretudo, constrangimentos ao nível financeiro. Em Portugal, as alternativas à banca "não estão ainda suficientemente desenvolvidas" e a captação de investimento externo é difícil.

"Mas já temos várias start-ups centauros (as que valem mais de 100 milhões de dólares), como a Talkdesk, a Feedzai ou a Seedrs, que em breve poderão ascender à categoria de unicórnios. Creio que é uma questão de tempo até termos novas start-ups reconhecidas internacionalmente pelo seu potencial", acrescenta, em declarações ao Negócios.

Já Carlos Brito, pró-reitor para a Inovação e Empreendedorismo da Universidade do Porto, refere que há start-ups em Portugal "com tecnologia de classe mundial". "Escalabilidade é aquilo que geralmente falta para que atinjam uma valorização na casa dos mil milhões de dólares. E para ganhar escala é necessário haver mercados de grande dimensão: quer para a colocação dos produtos, quer para a obtenção de ‘venture capital’", referiu ainda ao Negócios.

E as universidades. Que papel podem ter?

A empresa de pesquisas Pitchbook, citada pela publicação Business Insider esta semana, elaborou a lista das universidades que tiveram um papel mais significativo no desenvolvimento de start-ups mundiais que atingiram o estatuto de unicórnios. A maioria das instituições de ensino superior, presentes na lista, é norte-americana.

Mas será que alguma universidade portuguesa pode vir a entrar para uma lista como esta?
"Claro que sim. As universidades do Porto, Aveiro e Minho criaram bons ecossistemas de empreendedorismo e estão a apoiar centenas de start-ups inovadoras de base tecnológica, científica e criativa. Start-ups, essas, que revelam potencial, são sustentáveis e criam emprego qualificado", conta ao Negócios João Rafael Koehler.

Carlos Brito diz "não ter dúvidas" que isso vai acontecer. "O que não quer dizer que seja fácil. Para isso, há que criar condições para o desenvolvimento de um verdadeiro alfobre de projectos de base tecnológica. O que coloca de novo em cima da mesa a questão da escala", refere, acrescentando que "quando a escala aumentar vamos certamente ter mais casos de grande sucesso".

E o que é que as universidades nacionais podem fazer para que start-ups possam ser unicórnios? O líder da ANJE considera que as instituições de ensino superior "podem ir ainda longe na valorização económica do conhecimento, na criação de valor para as empresas e na promoção da competitividade empresarial". Defende ainda uma adequação da oferta formativa das universidades à realidade socio-económica.

Já o pró-reitor da Universidade do Porto acredita que "acções pontuais não levam a nada". Por isso, aponta como necessário a criação de ecossistemas favoráveis ao surgimento de start-ups de grande potencial de crescimento. Algo que requer dois tipos de parcerias: "as universidades e os centros de investigação enquanto fontes de conhecimento" e "a existência de um mercado de investidores e ‘venture capitalists’ [capitais de risco] com dimensão suficiente para serem capazes de suportar o risco de em cada 10 empresas apenas uma ou duas serem bem-sucedidas".

Quais as universidades que geram mais unicórnios?
Pitchbook, citada pela Business Insider, avaliou as universidade que mais empresas a valer mil milhões de dólares criaram. O critério incluiu empresas saídas das próprias universidades ou cujos fundadores criaram essas start-ups depois de terem saído das instituições de ensino.

13.ª posição - Universidade de Madras, na Índia, à qual estão associados três unicórnios: Bloom Energy, Globus Medical, Apttus
12.ª posição - Universidade da Califórnia do Sul, nos EUA, que gerou, também, três unicórnios: Box, Lookout, Instacart
11.ª posição - Universidade de Princeton, nos EUA, que gerou três unicórnios: a AppNexus, Docker, Akamai Technologies
10.ª posição -  Universidade de Dartmouth, nos EUA, que gerou quatro unicórnios
 9.ª posição - Universidade de Brown, nos EUA, gerou quatro unicórnios
 8.ª posição - Universidade de Waterloo, nos EUA, com quatro unicórnios
 7.ª posição - Universidade Brigham Young, nos EUA, com quatro unicórnios
 6.ª posição - Universidade de Michigan, nos EUA, com quatro unicórnios
 5.ª posição - MIT nos Estados Unidos com cinco unicórnios
 4.ª posição - Universidade de Cornell com cinco unicórnios
 3.ª posição - Universidade da Califórnia Berkeley com seis unicórnios
 2.ª posição - Universidade de Harvard com nove unicórnios
 1.ª posição - Universidade de Stanford com dez unicórnios



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