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Têxtil e vestuário: empresas criadas já superam as destruídas
Um estudo do Banco de Portugal mostra uma inversão neste rácio, pela primeira vez em dez anos. As PME dominam as receitas e o emprego, Braga e Porto concentram 82% dos negócios desta indústria.
A indústria têxtil e de vestuário (ITV) está a dar sinais de inversão no balanço entre a natalidade e a mortalidade de empresas do sector, contrariando assim uma tendência que se verificava há pelo menos uma década, segundo a análise efectuada pelo Negócios às últimas publicações do Banco de Portugal.
Um estudo sectorial actualizado pela entidade liderada por Carlos Costa mostra que "pela primeira vez no período 2010-2014, foram criadas mais empresas do que as que cessaram actividade". No último ano em apreciação, para o qual há registos, o número de empresas em actividade cresceu 1,9%, mais 0,4 pontos percentuais (p.p.) do que o panorama geral das empresas portuguesas.
"Em 2014, por cada empresa do sector que cessou actividade, foram criadas 1,35 novas empresas. O rácio de natalidade / mortalidade atingiu nesse ano o máximo do período em análise, em virtude da redução da taxa de mortalidade em 3 p.p. – mais significativa do que a redução da taxa de natalidade", indica o documento publicado esta segunda-feira, 20 de Junho.
A maior parte (60%) do tecido produtivo é composto por microempresas, mas são as PME, 39% do total, que valem 73% do volume de negócios e 76% do emprego. Em termos geográficos, as indústrias localizadas nos distritos de Braga e do Porto concentram mais de 80% do negócio nesta área. E embora as receitas geradas sejam equivalentes, o segmento do vestuário representa 70% das empresas e 67% das pessoas ao serviço neste sector dito tradicional.
Exportações e passivo a subirem
As perto de 6.500 empresas de têxteis e vestuário empregam um em cada cinco portugueses que trabalham nas indústrias transformadoras, representando 16% do tecido produtivo e 8% do volume de negócios. Se a relevância a este nível se mantém "virtualmente inalterada" face a 2010, as receitas geradas nos mercados externos têm subido nesta década "de forma sistemática".
Os dados do INE mostram que as exportações do sector cresceram 5% e alcançaram os 4.836 milhões de euros em 2015, naquele que foi o melhor dos últimos 12 anos para esta indústria no capítulo do comércio tradicional. Já no primeiro trimestre deste ano, as vendas externas voltaram a progredir 3%, em contraponto com a quebra do total das exportações portuguesas.
Num sector em que uma em cada cinco empresas vendem directamente para o exterior – sendo essas que empregam 56% das pessoas e geram 77% das receitas –, a rendibilidade dos capitais próprios cresceu 5 p.p. em 2014, para 7%. Pela primeira vez na década, situa-se acima dos valores das indústrias transformadoras (4%) e do total das empresas (3%). Já o rácio de autonomia financeira da indústria dos têxteis e vestuário era de 34% em 2014, tendo aumentado 5 p.p. entre 2010 e 2014, à semelhança das indústrias transformadoras.
Por outro lado, "contrariamente ao observado nas indústrias transformadoras e no total das empresas, e após ter registado decréscimos consecutivos desde 2011, o passivo do sector aumentou 3% [em 2014], em relação a 2013, devido aos contributos dos empréstimos bancários (2 p.p.) e dos títulos de dívida (1 p.p.)", lê-se neste estudo realizado do Banco de Portugal.