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INE confirma exportações têxteis acima dos 5.000 milhões em 2016
No ano passado, o sector vendeu um total de 5.063 milhões de euros no estrangeiro, aproximando-se do máximo histórico registado no início do século. O vestuário e acessórios de malhas deram o maior contributo.
Os dados do comércio internacional publicados esta quinta-feira, 9 de Fevereiro, confirmam que as exportações da indústria têxtil e de vestuário (ITV) portuguesa superaram a barreira dos 5.000 milhões de euros em 2016, fechando o ano com um crescimento homólogo a rondar os 5% e um total de 5.063 milhões de euros exportados.
Como o Negócios tinha antecipado na segunda-feira, antes de serem divulgados estes números oficiais do Instituto Nacional de Estatísticas (INE), os responsáveis desta indústria tradicional, que exporta 70% da produção, já davam como certa a obtenção de um resultado próximo deste, "atendendo à evolução esperada para o mês de Dezembro e com base no sentimento conjuntural recolhido junto das empresas".
É que, argumentou o director-geral da principal associação do sector (ATP), Paulo Vaz, bastava um registo de 336 milhões de euros no último mês do ano, que estava perfeitamente ao alcance deste sector. E foi mesmo isso que aconteceu, mostram agora os dados do INE: em Dezembro, esta indústria comercializou 399 milhões de euros no estrangeiro, correspondente a uma evolução mensal homóloga de 7,3%.
Os 5.063 milhões de euros obtidos na exportação em 2016 superam as últimas estimativas da ATP, que rondavam os 5.055 milhões, e confirmam que o sector, constituído por seis mil empresas que empregam perto de 134 mil pessoas – equivale a 20% do emprego da indústria transformadora –, antecipa o "cenário de ouro" para as exportações que o Plano Estratégico para o "Cluster Têxtil e Moda 2020", divulgado em Setembro de 2014, previa para o final da década.
"Os números agora apurados vêm antecipar em quatro anos a melhor dessas previsões, mercê do forte dinamismo que a indústria tem revelado nos últimos anos, assumindo-se como referência modelo para a economia nacional", destacou o presidente da ATP, Paulo Melo, numa nota de imprensa que acompanha a compilação sectorial das estatísticas do INE.
Além disso, a ITV quase toca o pico das vendas ao exterior (5.073 milhões de euros), obtido no já longínquo ano de 2001, agora com quase metade das empresas e dos trabalhadores. Os dados oficiais mostram assim que ficou a escassos dez milhões de euros desse registo histórico. A confirmar em 2017? O porta-voz da ATP responde que se houvesse "um ano normal pela frente" até subiriam para 5.200 milhões. Porém, Vaz invoca o proteccionismo de Trump, o Brexit ou as eleições na Alemanha e França para antever um ano "cheio de incertezas que podem baralhar as contas".
Na análise segmentada aos dados finais de 2016 – que mostram a "Balança Comercial dos Têxteis e suas Obras" com um saldo positivo de 1.151 milhões de euros, com uma taxa de cobertura de 129% -, o destaque vai para o subsector do vestuário e acessórios de malhas, que subiu as vendas ao estrangeiro em 12%, num acréscimo absoluto de 227 milhões euros no ano passado; e para as matérias-primas de algodão, incluindo fios e tecidos, que negociaram mais 27 milhões de euros fora de portas do que no ano anterior, correspondente a um crescimento homólogo de quase 20%.
(Notícia actualizada às 13:35 com a análise por segmentos e declarações do presidente da ATP)