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Fabrico anti-covid só é “alternativa” para uma em cada quatro têxteis

Um inquérito mostra que a produção de equipamentos de proteção individual não é uma possibilidade para 75% das empresas do têxtil e vestuário, que confirmam mais quebras nas encomendas e criticam as medidas do Governo.

Paulo Duarte
24 de Abril de 2020 às 14:50
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A reconversão de parte das linhas industriais para o fabrico de materiais e de artigos de proteção , como fardas, batas, cobre sapatos, resguardos em malha, camisas para doentes acamados ou máscaras comunitárias, tem sido a resposta de algumas fábricas têxteis para a travagem a fundo das encomendas.

 

No entanto, segundo um inquérito conduzido pela Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) entre 14 e 20 de abril, a produção dos chamados equipamentos de proteção individual (EPI) "é apenas alternativa para um quarto das empresas" deste setor, que tem quase 70% das empresas em "lay-off" total ou parcial.

 

Só no que toca às máscaras comunitárias, de uso único ou reutilizáveis, até esta sexta-feira, 24 de abril, o centro tecnológico do setor (Citeve) certificou mais de uma dezena de empresas, como a Estamparia Adalberto (detida pelo líder da ATP) ou a Têxtil Lobo, uma pequena fábrica de Barcelos que "mudou a agulha" para produzir 20 a 30 mil unidades diárias.

Mas o retrato global no setor continua sombrio devido à pandemia de covid-19. Mais de 60% das empresas inquiridas identificaram um impacto muito forte (superior da 50%) no que respeita à redução da procura e das encomendas em abril. E as estimativas para junho não são muito melhores: mais de 40% prevê perder mais de metade do negócio face ao período homólogo.

 

Paira uma grande incerteza, quer em Portugal, quer na Europa, relativamente à retoma económica e não existem medidas adequadas para a favorecer. MÁRIO JORGE MACHADO, PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO TÊXTIL E VESTUÁRIO DE PORTUGAL



Os dados recolhidos neste inquérito mostram que apenas 11% acredita numa retoma a mais de 80% no final do mês de junho, o que leva Mário Jorge Machado, presidente da associação sediada em Famalicão, a descrever que "paira uma grande incerteza, quer em Portugal, quer na Europa, relativamente à retoma económica e não existem medidas adequadas para a favorecer".


 

Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, e Mário Jorge Machado, presidente da ATP.
Pedro Siza Vieira, ministro da Economia, e Mário Jorge Machado, presidente da ATP. Paulo Duarte



Burocracia, dificuldades de interpretação, falta de clareza, regulamentação tardia, falta de flexibilidade nos instrumentos, diferenças entre comunicação governamental e execução pelos organismos responsáveis, morosidade e custo para as empresas e "prioridade ao endividamento futuro das empresas a comprometer a capacidade de crescimento e de investimento nos próximos anos" são as principais críticas deixadas pelos industriais às medidas já em vigor.

Abastecimento das matérias-primas em risco

O inquérito relativo ao novo coronavírus mostra que mais de metade das empresas portuguesas estão a sentir um "impacto forte ou muito forte" em relação ao abastecimento e fornecimento de matérias-primas, sendo Itália, Espanha, India e China as origens mais afetadas. Fornecedores encerrados, mercados fechados, aumento do custo das matérias-primas e dificuldades aduaneiras e no crédito são os principais motivos apresentados pelas têxteis, que enfrentam também obstáculos crescentes no transporte e na logística, prejudicando a entrega das encomendas, devido à redução das opções e ao acréscimo dos preços.

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