As pequenas e médias empresas de carnes estão a ser as mais afetadas pela pandemia de covid-19, com "quebras de vendas e de produção até 80%", sendo que a redução da comercialização está a fazer sentir-se sobretudo nos produtos de valor mais elevado por quilo.

No entanto, apesar das dificuldades provocadas pela diminuição da faturação junto dos clientes da hotelaria e da restauração e também pelo aumento dos custos de produção neste período, a Associação Portuguesa dos Industrais de Carnes (APIC) garante que "de forma geral, a indústria continua a distribuir os produtos sem aumento de preços".

"Poderá haver algumas exceções, mas a grande maioria das empresas está a agir de forma correta, tendo o cuidado de não se aproveitarem da situação de crise", explica Carlos Ruivo, presidente desta associação que representa 85 empresas do setor (equivalente a mais de 75% dos operadores da indústria dos produtos transformados), que são responsáveis por 70% do volume de abate no país.

A pressionar este aumento dos custos está, entre outros fatores, a compra de equipamento de proteção individual a preços "mais dispendiosos devido à escassez no mercado", que tem de responder a outros setores de atividade. É o caso das máscaras, toucas, luvas e desinfetantes, que já eram usadas nestas fábricas antes da crise de saúde pública, como destaca este organismo através de comunicado.

A imposição do distanciamento social nos espaços de refeição e a medição da temperatura à entrada das unidades de produção, cujo registo foi vetado pela Comissão Nacional de Proteção de Dados, foram outras medidas de contenção adotadas pelo setor para que seja "possível continuar com a produção, mantendo a segurança dos trabalhadores e dos produtos alimentares".