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Têxteis voltam a tropeçar mais do que o total das exportações portuguesas
Pelo segundo mês consecutivo, o têxtil e vestuário caiu a um ritmo maior (19%) que o registado a nível nacional devido ao “forte impacto” da covid-19. Espanha e França foram os países que mais cortaram compras em março.
As exportações têxteis e de vestuário caíram 19% em março, em comparação com o mesmo mês do ano passado. Os dados divulgados pelo INE esta sexta-feira, 8 de maio, mostram que a quebra nesta indústria ficou acima da registada pelo total das mercadorias portuguesas, cuja queda nas vendas ao exterior ascendeu a 13%.
Esta diferença no ritmo acontece pelo segundo mês consecutivo, comprovando que o setor foi um dos primeiros a sofrer os impactos do novo coronavírus, mesmo quando ainda começavam a ser conhecidos os primeiros casos preocupantes na Europa. É que as exportações têxteis já tinham diminuído 4,3% em fevereiro, quando as exportações nacionais ainda estavam em terreno positivo.
Segundo as contas feitas pela principal associação setorial (ATP), que fala num "forte impacto" da covid-19, esta indústria exportou 1.277 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, correspondente a uma descida acumulada de 6,4%. Espanha (-11,1%), França (-5,6%), Reino Unido (-9%) e Itália (-7,2%) foram os destinos que mais reduziram as compras, numa descida transversal a quase todos os artigos fabricados pela indústria.
Já as importações recuaram 10% nos primeiros três meses do ano – em março a queda foi de 20% -, para um total de 1.013 milhões de euros, fazendo com que a balança comercial dos têxteis e do vestuário registasse um saldo de 264 milhões de euros e uma taxa de cobertura de 126% no primeiro trimestre de 2020.
Devido à crescente procura no mercado e para compensar os efeitos negativos desta crise nas vendas e no emprego, centenas de empresas do têxtil e do vestuário, desde o fio à confeção, estão a responder ao desafio da produção de máscaras contra a pandemia e já preparam a exportação para clientes de moda e do desporto.