Notícia
Fundador do Bloco quer "reflexão" no partido sobre caso Robles
Luís Fazenda admite que polémica actividade imobiliária do vereador "tem aspectos que carecem de uma análise mais longa e cuidada" e que "a situação é mais adversa" para abordar os temas da especulação e gentrificação.
O fundador e dirigente do Bloco de Esquerda, Luís Fazenda, sustenta que o partido deve "fazer uma reflexão e tirar conclusões" sobre o caso de especulação imobiliária que envolve o vereador lisboeta Ricardo Robles, que se vinha notabilizando precisamente pelo combate a este tipo de práticas devido aos efeitos no mercado da habitação.
Em declarações ao jornal i, o ex-líder parlamentar do Bloco admite que este tipo de actividades – a compra de um imóvel em Alfama por 347 mil euros para, quatro anos depois, ser colocado à venda recuperado por 5,7 milhões de euros – são "circunstâncias que, no Bloco de Esquerda, [são condenadas] e que levam à gentrificação".
Rejeitando que o partido saia "diminuído" deste caso, Fazenda reconhece que "a situação é mais adversa" para abordar um tema que tem marcado a agenda política da vereação bloquista. Sublinha que o caso "tem aspectos que carecem de uma análise mais longa e cuidada" e reforça que "as avaliações que faremos vão ter em conta as várias opiniões e a forma como este processo foi entendido".
A reacção deste dirigente que participou na fundação do Bloco em 1999 com Francisco Louçã, Fernando Rosas e Miguel Portas, acaba por trazer um tom diferente ao debate interno sobre o caso do vereador que na sequência das últimas eleições autárquicas, realizadas em Outubro de 2017, firmou um acordo com o Executivo camarário liderado pelo socialista Fernando Medina. E que, logo na primeira reacção em conferência de imprensa, reclamou que "não há nada de reprovável na [sua] conduta".
"Mentiras", prazos e alojamento local
Enquanto um comunicado da comissão política frisou que "a conduta de Ricardo Robles em nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto e continuará a propor", a coordenadora do partido, Catarina Martins, resolveu fazer a defesa do vereador do partido classificando as notícias sobre este caso de "mentiras", acrescentando que toda esta polémica surge porque "o que o BE está a fazer está a incomodar interesses imobiliários".
Ao mesmo jornal, o presidente da Associação Lisbonense de Proprietários acusou Ricardo Robles de ter convertido aquele prédio no centro histórico da capital para "promover o alojamento local". "Só isso é que explica a utilização de um prédio que está dividido em apartamentos entre 20 a 40 metros quadrados", referiu Menezes Leitão, argumentando que "ninguém está a pensar em fazer um contrato de longa duração num apartamento com uma tipologia tão pequena".