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Explicação de renúncia de Robles contraria posição da Comissão Política do Bloco

Ricardo Robles sustenta que a aquisição de um imóvel para posterior venda com realização de mais-valia "revelou-se um problema político real e criou um enorme constrangimento" à sua acção. Porém, ao final do dia de sexta-feira, o órgão dirigente bloquista sustentava que "a conduta do vereador Ricardo Robles em nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto e continuará a propor".

30 de Julho de 2018 às 13:24
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A Comissão Política do Bloco de Esquerda não considerou que a conduta privada de Ricardo Robles pudesse colocar entraves à sua acção enquanto vereador da câmara de Lisboa. Contudo, o próprio considera que sim. Na justificação dada para a renúncia anunciada esta segunda-feira, 30 de Julho, Robles refere que a polémica em torno da compra de um imóvel para posterior venda "revelou-se um problema político real e criou um enorme constrangimento".

Já no final do dia da passada sexta-feira, o órgão dirigente bloquista enviou uma nota às redacções em que defendia que "a conduta do vereador Ricardo Robles em nada diminui a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto e continuará a propor".

Durante a tarde de sexta-feira, dia em que o Jornal Económico noticiou que Robles havia posto à venda um prédio por quase 6 milhões de euros, o vereador da autarquia lisboeta asseverava, em conferência de imprensa, ter procedido de "forma exemplar". 

"Não há nada de reprovável na minha conduta", disse Ricardo Robles pondo de parte a possibilidade de pedir a demissão da vereação na câmara de Lisboa, onde o Bloco apoia, e integra, o executivo socialista liderado por Fernando Medina. A coordenadora do partido, Catarina Martins, reagiu já no sábado para afirmar que Robles "nada fez de errado".


No entanto, a nota escrita por Ricardo Robles, hoje divulgada pelo BE, contraria as posições tomadas anteriormente tanto pelo ainda vereador como pelo partido.

Depois de afastar um cenário de demissão, Robles começa por informar ter comunicado, este domingo, à coordenadora bloquista, Catarina Martins, "a intenção de renunciar aos cargos de vereador na câmara municipal de Lisboa e de membro da comissão coordenadora concelhia de Lisboa do Bloco de Esquerda".

A justificação de Ricardo Robles para a sua renúncia acaba por também contrariar a posição veiculada pela comissão política do Bloco que não via quaisquer problemas ou conflito de interesses que pudessem pôr em causa a continuação em funções do bloquista no executivo autárquico em que tinha o pelouro da Educação e Direitos Sociais.

Em 2014, quando era deputado municipal eleito pelo Bloco, Robles adquiriu, em conjunto com a sua irmã, um prédio em Lisboa por 347 mil euros num leilão realizado pela Segurança Social. Esse mesmo prédio esteve à venda entre finais de 2017 e Abril deste ano por um valor de 5,7 milhões de euros.

Ricardo Robles refere que esta "opção privada", que foi "forçada por constrangimentos familiares" e "no respeito pelas regras legais", criou um problema ao partido que justifica a "decisão pessoal" de se afastar por forma a "criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade".

A pressão sobre o Bloco e o próprio Robles adensou-se ao longo do fim-de-semana já depois de a concelhia do PSD-Lisboa ter pedido a demissão do vereador. Já esta segunda-feira, em declarações ao jornal i, o fundador e ex-líder parlamentar bloquista, Luís Fazenda, elevou a pressão sobre Robles dizendo que o partido teria de "fazer uma reflexão e tirar conclusões" sobre a questão acerca da especulação imobiliária pelo vereador demissionário que, entretanto, deu garantias de que a sua parte do imóvel (as fracções correspondentes) seriam colocadas para arrendamento e não para venda.

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