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Robles teve apoio de maioria no Bloco para se manter na câmara
Na reunião de emergência para reagir às notícias sobre os investimentos imobiliários de Ricardo Robles, só duas pessoas votaram contra, escrevem o Público e o “i”. A evolução do caso acabaria, no entanto, por obrigar à demissão do vereador, que admitiu ao Constitucional que o prédio era para rendimento.
A braços com uma crise interna, o Bloco de Esquerda está esta terça-feira nas primeiras páginas dos jornais. O Público e o "i" escrevem que na reunião convocada na passada sexta-feira, para decidir a reacção do partido à notícia publicada pelo Jornal Económico, a comissão política votou por esmagadora maioria a permanência de Ricardo Robles como vereador.
Votaram contra apenas duas pessoas, os opositores a Catarina Martins na última convenção do partido: Carlos Carujo e Samuel Cardoso. Luís Fazenda também deu o seu aval, mas dias depois acabaria por mudar de ideias e, em entrevista ao "i", veio dizer que o partido tinha de "tirar conclusões" sobre os factos
Apesar de a direcção insistir na defesa de Robles, este acabaria mesmo por se demitir, numa decisão que sublinhou ter sido pessoal, mas que, escrevem os dois jornais, terá surgido na sequência de pressões internas dentro do partido.
Prédio era para investimento
As notícias posteriores de que o prédio adquirido por Robles e pela irmã se destinaria a alojamento local terão contribuído para precipitar a decisão. De facto, não só o anuncio colocado pela imobiliária quando o edifício esteve para venda apontava nesse sentido, como também o próprio robles admitia que era para investimento.
Na declaração que entregou no Tribunal Constitucional, o vereador bloquista juntou um documento bancário relativo ao empréstimo contraído para a remodelação do prédio em Alfama onde se lê que a finalidade era a realização de obras em imóvel para rendimento, adianta esta terça-feira o "i".
A saída de Robles do cargo de vereador na câmara de Lisboa é aplaudida por senhorios e inquilinos que, também ao "i", sublinham que o bloquista não tinha condições para continuar. "Estava claramente em contradição com as posições que defendia", considera Romão Lavadinho, da Associação de Inquilinos Lisbonenses. Seria "inaceitável" que continuasse, pois não teria "isenção" para tomar decisões neste tipo de assuntos, acrescenta Menezes Leitão, da Assoliação Lisbonense de Proprietários.