O escândalo com a falsificação pela Volkswagen das emissões de gases poluentes nos seus automóveis a gasóleo está a abalar o mercado automóvel mundial, mas as suas repercussões vão além dos danos causados à imagem da marca alemã. O "Dieselgate" vai servir de catapulta ao aumento do desenvolvimento e uso do carro eléctrico e a gás, acredita o presidente da Partex.

"O escândalo Volkswagen vai exponenciar os sistemas a gás e a electrificação do sistema de transportes mundial", disse António Costa Silva esta quinta-feira, 1 de Outubro, numa conferência na Ordem dos Engenheiros.

O gás surge actualmente em destaque, pois é "abundante e versátil", polui cerca de 40% menos que o petróleo e é relativamente barato.

"Todos os fabricantes automóveis vão procurar alternativas ao gasóleo, esta é uma das lições do escândalo. O carro eléctrico e a gás são certamente duas delas", destacou António Costa Silva.

"O que é que se passa com a indústria automóvel? Pela primeira vez em 100 anos, as inovações tecnológicas neste campo estão a vir de fora dos fabricantes automóveis", afirmou, destacando as inovações do grupo francês Bolore, do carro eléctrico da Tesla, as baterias da Panasonic e da LG e os sistemas de informação criados pela Google e pela Microsoft.

Costa Silva estabeleceu uma comparação com a indústria de telecomunicações que durante muito tempo foi dominada por marcas como a Nokia e a Motorola, que acabaram por ser ultrapassadas com as rupturas tecnológicas. "O escândalo da Volkswagen veio acentuar estas tendências. Vai favorecer o carro eléctrico e a gás. Vamos ver como a indústria vai reagir a isto".

Sobre o facto do carro a gás estar mais avançado que o carro eléctrico, o presidente da Partex considera que os carros a gás já têm provas dadas e que o carro eléctrico está a "fazer o seu caminho". 

Entre um e outro, sentencia que não se deve "escolher campeões", mas sim "deixar o mercado falar".