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Mercer: Estrutura de remuneração de executivos de topo é “conservadora” e pouco clara em Portugal

Em Portugal, os bónus dos executivos de topo representam em média 30% do total da sua remuneração, uma compensação determinada sobretudo pelos resultados das empresas e pelo desempenho individual, mas sobre a qual há uma crescente influência dos accionistas, diz um estudo da Mercer.

Miguel Baltazar/Negócios
26 de Janeiro de 2016 às 17:30
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A estrutura de remuneração em Portugal de executivos de topo "é ainda algo conservadora face a outros países" e uma grande percentagem das empresas "apesar de pagarem bónus, referem não ter uma política estruturada", conclui um estudo da Mercer divulgado esta terça-feira, 26 de Janeiro de 2016.

Em Portugal, a componente fixa da remuneração dos executivos de topo representa cerca de 60% do total, enquanto a componente variável (bónus e incentivos) perfaz os restantes 40%. Esta é uma estrutura remuneratória "algo conservadora" face a outros países – como os EUA ou o Reino Unido -, onde "a componente variável assume um peso maior", diz a Mercer.

O bónus representa a maior parte da componente variável (30%), enquanto os restantes 10% dizem respeito a Incentivos de Longo Prazo (ILP).

Todavia, "uma das principais conclusões [deste estudo] é que 47% das empresas, apesar de pagarem bónus, referem não ter uma política estruturada", refere a Mercer, isto é, "uma política que defina os montantes a pagar em caso de consecução dos objectivos definidos no 'target' e no máximo".

"É cada vez mais importante clareza e transparência nas políticas de remuneração definidas", defende Diogo Alarcão, "partner" da Mercer, acrescentando que isso "promove o enfoque e a vontade de atingir níveis de desempenho mais elevados, assim como o alinhamento com os objectivos da empresa e dos accionistas".

Adianta este estudo que, em média, o bónus representa 39% do salário base anual de um CEO quando este atinge os objectivos definidos e no máximo 60% deste caso exceda as metas traçadas.

No caso dos administradores executivos, a média é de 27% do salário base anual quando é capaz de atingir os objectivos definidos, e de 55% caso atinja o desempenho máximo.

Os principais factores tidos em conta na atribuição dos bónus são "os resultados da organização, seguidos pelos resultados individuais não financeiros e os resultados da divisão/unidade de negócio". Os indicadores mais utilizados são o EBIT, o EBITDA e os resultados líquidos, "embora exista uma elevada prevalência de outro tipo de indicadores financeiros, como o EVA, ROIC, "cash flow", dívida líquida, ROI, vendas e receitas", pode ler-se neste estudo.

"A grande maioria das empresas determina o pagamento do bónus em função de resultados, o que não é uma surpresa", diz Diogo Alarcão, acrescentando porém que se tem vindo a notar "a utilização crescente de uma componente qualitativa, na avaliação dos Administradores Executivos".

Apenas "35% das empresas participantes [neste estudo] afirmam ter um modelo de incentivos de longo prazo", revelando que este tipo de incentivos "não constitui ainda uma prática prevalente em empresas de raiz nacional". Todavia, este tipo de remunerações "é mais comum em empresas cotadas no mercado de capitais", tal como acontece a nível mundial, escreve a Mercer.

Este estudo, que aborda as tendências observadas em 2015, avança que há uma "crescente sofisticação e influência dos accionistas e 'proxy advisors'" no que diz respeito às remunerações dos executivos de topo e adianta que "a igualdade de géneros que será uma temática central no contexto empresarial em 2016".

Para este estudo foram analisadas 17 empresas, dispersas por vários sectores de actividade, sendo que a grande maioria (65%) é de origem nacional. O relatório em causa analisa seis funções que compõem os conselhos de administração das empresas, e cerca de metade (46%) dos executivos visados têm entre os 46 e os 55 anos. Cerca de 35% têm ainda mais de 20 anos de actividade na empresa, pode ler-se no comunicado da Mercer. 

 

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