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CEO da Uber sai com licença sem vencimento após série de escândalos
A Uber vai tentar virar a página após uma série de escândalos que envolveram os gestores de topo da companhia. O CEO vai tirar uma licença sem vencimento e serão adoptadas várias novas regras.
Travis Kalanick, CEO da Uber, vai deixar a companhia por tempo indeterminado, tendo solicitado uma licença sem vencimento, anunciou o gestor aos trabalhadores.
O tema vai estar em análise na reunião do conselho de Administração da empresa e surge depois da Uber ter solicitado ao antigo procurador-geral dos EUA, Eric Holder, que conduzisse uma investigação a uma série de escândalos de assédio, discriminação e cultura agressiva, que envolvem Kalanick e outros gestores.
Holder elaborou uma lista de 47 recomendações, que a administração já aceitou implementar, e que passam por criar um comité de supervisão da administração, reescrever os valores culturais da Uber, reduzir o álcool nos eventos da empresa e proibir relações íntimas entre trabalhadores e os seus chefes.
Caso Kalanick regresse aos comandos da Uber, fica desde já definido que terá menos poderes, pois terá que ser criado o cargo de chief operating office (COO).
A licença sem vencimento de Travis Kalanick surge depois da saída do presidente do conselho de administração, do director de comunicação, de dois vice-presidentes, do director financeiro e do chief business officer (CBO), também amigo do CEO, que deixou a empresa na segunda-feira.
Os últimos meses não têm sido fáceis para a Uber, que entre outros enfrenta um processo judicial da casa-mãe da Google, a Alphabet, por alegado roubo de informações sobre a produção de carros autónomos; investigações às suas operações de negócios; e depois de ter admitido a retenção, ao longo de mais de dois anos, de dezenas de milhões de dólares pertencentes a condutores seus em Nova Iorque.
Mais de 20 pessoas foram despedidas em resultado de uma outra investigação pela firma de advogados Perkins Coie LLP , a partir da análise a 215 denúncias internas de trabalhadores. 47 das queixas diziam respeito a assédio sexual, 54 a várias formas de discriminação e as restantes caem em vários tipos de comportamento profissional inadequado, como retaliação, "bullying" e outras formas de assédio.
A série de de escândalos teve início em Fevereiro, quando uma antiga engenheira da Uber, Susan Fowler, denunciou publicamente que o seu chefe a tinha assediado sexualmente. A queixa aos recursos humanos da companhia não deu em nada, pois o gestor em causa tinha excelentes resultados.
As denúncias de Susan Fowler levaram outros empregados da Uber a avançar com queixas contra a empresa, sobretudo de discriminação. Há também relatos de que as tentativas para diversificar a força de trabalho da Uber foram travadas pelo próprio Kalanick e várias outras notícias que mostram que a empresa discriminava vários dos seus trabalhadores.
Com a saída temporária de Kalanick e a adopção de um conjunto de novas regras, o objectivo passa por virar a página na história da empresa. "Este processo foi mais longo do que pensávamos e mais doloroso do que pensávamos, mas este capítulo acaba aqui", escreve a administradora da Uber, Arianna Huffington, no relatório que será analisado no conselho. "A nossa tarefa agora é aprender, reconstruir e seguir em frente para escrever o próximo capítulo da Uber", afirmou a gestora, citada pela Bloomberg.
Leia mais aqui sobre a série de escândalos que envolve o CEO da Uber. O CEO que conduz a Uber por maus caminhos