Notícia
Bayer admite vender mais activos para ter luz verde para comprar Monsanto
A farmacêutica alemã poderá vender mais activos para conseguir concretizar a compra da Monsanto, um negócio que foi anunciado em Setembro de 2016. Decisão da União Europeia é anunciada até 5 de Abril.
A farmacêutica alemã Bayer está disponível para alienar mais activos, além da sua unidade de sementes, para conseguir ter luz verde das autoridades da concorrência europeias à compra da Monsanto.
Num comunicado emitido esta quarta-feira, 28 de Fevereiro, citado pela Bloomberg, a empresa revelou que pretende desinvestir no seu negócio de sementes vegetais. Em cima da mesa poderá estar também a possibilidade de licenciar alguns negócios. O objectivo é que consiga concluir a aquisição da Monsanto no segundo trimestre deste ano.
Até ao próximo dia 5 de Abril, as autoridades regulatórias da União Europeia devem pronunciar-se sobre a operação que foi, formalmente, anunciada a 14 de Setembro de 2016.
"Isto não afecta as nossas expectativas em torno de uma conclusão bem-sucedida do ponto de vista regulatório", disse o CEO, Werner Baumann, em comunicado citada pela agência de informação.
A empresa alemã que produz a aspirina mostrou-se ainda confiante de que conseguirá responder a todas as eventuais questões que os reguladores tiverem sobre a operação.
Em Agosto do ano passado, a Comissão Europeia iniciou uma investigação aprofundada à compra da Monsanto pela Bayer perante preocupações de que a operação afecte a concorrência nos mercados dos pesticidas e sementes e características, com potencial impacto na qualidade dos produtos e nos preços aos agricultores.
A abertura deste processo surge depois de a norte-americana e da alemã não terem sido convincentes nos compromissos apresentados para ultrapassar as "sérias dúvidas" manifestadas pela concorrência europeia de que a compra seja compatível com as regras europeias para as fusões.
A 14 Setembro de 2016, a Bayer anunciou que queria comprar a Monsanto, uma história que o mercado vinha já acompanhando e que foi marcada por alguns avanços e recuos. A empresa europeia disponibilizou-se para pagar 66 mil milhões de dólares pela Monsanto, de acordo com o comunicado da empresa germânica emitido na altura.
Na altura, era avançado que a junção das duas empresas pode representar mais de 30% do negócio da produção mundial de culturas agrícolas.
A história da aquisição da Monsanto pela Bayer começou vários meses antes. Em Maio de 2016, a Bayer lançou uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a Monsanto, com o objectivo de criar a maior fabricante mundial de produtos químicos para a agricultura e sementes geneticamente modificadas.
Oferecia 62 mil milhões de dólares. A oferta que não agradou à Monsanto. Mas não apenas dessa vez. No início de Setembro, foi revelado que a empresa alemã voltava a "subir a parada" - a Bayer ofereceu 127,50 dólares por acção para concretizar a compra da empresa agro-química norte-americana, o que avaliava a oferta em 56 mil milhões de dólares.
Mas qual é o interesse da Bayer na Monsanto? A Bloomberg escrevia na altura que esta operação permite à empresa alemã explorar a crescente procura dos agricultores por meios para aumentaram a sua produtividade no sentido de alimentar os estimados 10 mil milhões de pessoas em 2050. Com esta operação, a Bayer tem acesso, segundo veiculado à época, a cerca de duas mil variedades de sementes. Sendo que, a própria Bayer tem o seu próprio portefólio.
A Monsanto, fundada em 1901, foi pioneira nas últimas duas décadas na comercialização de organismos geneticamente modificados. No passado, esta empresa centenária produziu também químicos industriais e medicamentos.
A Bayer foi fundada em 1896 e é conhecida por ser a produtora da aspirina.