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Compra da Monsanto alvo de investigação aprofundada da concorrência europeia

Bruxelas teme que vários mercados possam ver reduzida a concorrência com o avanço do negócio e diz que as soluções apresentadas pelas duas empresas são insuficientes. Decisão deve ser tomada até 8 de Janeiro de 2018.

Bloomberg
22 de Agosto de 2017 às 15:55
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A Comissão Europeia iniciou uma investigação aprofundada à compra da Monsanto pela Bayer perante preocupações de que a operação afecte a concorrência nos mercados dos pesticidas e sementes e características, com potencial impacto na qualidade dos produtos e nos preços aos agricultores.

A abertura deste processo surge depois de a norte-americana e a alemã não terem sido convincentes nos compromissos apresentados para ultrapassar as "sérias dúvidas" manifestadas pela concorrência europeia de que a compra seja compatível com as regras europeias para as fusões.

A junção das duas empresas – um negócio de 66 mil milhões de dólares (56 mil milhões de euros à cotação actual) - criará, no entender de Bruxelas, a maior companhia integrada na indústria dos pesticidas (com a maior carteira de produtos) e um gigante nas sementes, área em que terá uma das mais fortes posições no mercado.

"A Comissão Europeia tem preocupações iniciais de que a aquisição proposta possa reduzir a concorrência em vários mercados, resultando em preços elevados, menor qualidade, menos escolha e menor inovação," lê-se no comunicado que torna pública a decisão, emitido esta terça-feira, 22 de Agosto.

No que diz respeito aos pesticidas, a Comissão entende que a Monsanto e a Bayer, que produzem respectivamente os herbicidas glifosato e a sua alternativa, o glufosinato, são duas das poucas empresas capazes de desenvolver produtos nesta área que permitam superar a resistência demonstrada pelas ervas daninhas aos produtos existentes.

Vai ainda avaliar as actividades da Monsanto na área dos pesticidas biológicos que concorrem com os pesticidas químicos da Bayer, bem como a sobreposição de produtos que combatem os parasitas varroa, que têm destruído colónias de abelhas na Europa.

Bruxelas considera ainda que as duas empresas têm uma elevada quota de mercado combinada na criação de sementes para vegetais e com produtos que concorrem uns com os outros, como é o caso das sementes de colza e de algodão.

A Monsanto tem por outro lado uma posição dominante na modificação genética em laboratório das características das plantas, sendo em alguns casos a Bayer a única concorrente.

Em análise vai estar o impacto que a compra pode ter em dificultar o acesso de distribuidores e agricultores a concorrentes da Bayer e da Monsanto, num contexto de emergência da agricultura digital (recolha de dados sobre as explorações agrícolas para proporcionar ofertas adaptadas caso a caso) área em que ambas as empresas desenvolvem trabalho.

Este é o terceiro negócio no sector que passa a investigação aprofundada nos últimos anos. Os negócios entre a Dow e a Dupont e entre a ChemChina e a Syngenta foram sujeitos a remédios que passaram pela venda de activos.

Segundo o Financial Times, a compra da Monsanto pela Bayer obrigou à notificação de 30 entidades mundiais da concorrência e a abertura da investigação aprofundada em Bruxelas dificulta os planos das duas empresas de concluírem o negócio até ao final do ano.

A Comissão tem 90 dias úteis, até 8 de Janeiro de 2018, para tomar uma decisão sobre a compra à luz da concorrência.

A Bayer sobe 2,33% para 108,97 euros em Frankfurt, ao passo que a Monsanto sobe 0,16% para 117,04 dólares em Nova Iorque.
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