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Sonae diz que taxa sobre lucros extraordinários "penaliza quem investe no país"
CEO da Sonae, Cláudia Azevedo, descreve, aliás, a nova contribuição ao Estado como um "imposto sobre o crescimento" no caso do grupo que lidera e lamenta que a medida só tenha paralelo na Hungria.
O administrador financeiro da Sonae, João Dolores, diz que a taxa sobre lucros extraordinários que vai ser aplicada ao retalho alimentar "penaliza quem investe no país", embora antecipe que o valor seja "residual" comparando com a generalidade dos impostos que o grupo já paga.
Aos jornalistas, durante a conferência de imprensa de apresentação dos resultados financeiros da Sonae em 2022, João Dolores apontou desde logo o dedo ao conceito, considerando "não ser correto" considerar lucros extraordinários ganhos acima do esperado de "uma empresa que investe no país, abre lojas e cria emprego". E puxou dos números: "Nos últimos quatro anos, abrimos mais de 400 lojas no retalho alimentar, fizemos investimentos de mais de 800 milhões de euros em Potugal, criamos mais de 5.000 empregos, pelo que é natural que os lucros também subam do ponto de vista absoluto. Estar a penalizar quem investe no país parece mau princípio", vincou.
A CEO da Sonae, Claúdia Azevedo (na foto), falou mesmo num "imposto ao crescimento" no caso do grupo que lidera e lamentou que a nova contribuição a cobrar à distribuição alimentar só tenha paralelo na Hungria.
Relativamente ao valor a ser pago pela Sonae, João Dolores explica que os cálculos ainda não estão feitos mas que, "face à pressão na rentabilidade" sentida pelo grupo, não será um montante avultado. "A nossa expetativa é que valor que venhamos apagar seja marginal face à generalidade de impostos que pagamos ao Estado português", indicou.
Em causa figura a contribuição extraordinária e temporária de 33% que vai ser cobrada às empresas da distribuição alimentar e da energia que, em 2022, tenham registado um aumento de 20% face à média dos lucros tributáveis conseguidos nos quatro anos anteriores (de 2018 a 2021). No conjunto dos dois setores, o Governo prevê encaixar uma receita entre 50 milhões e 100 milhões de euros.