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Luís Amaral: “Retalhistas na Polónia não podem suportar este imposto sozinhos”

A proposta do governo polaco, de taxar as vendas retalhistas do país com base nas vendas é “mais justa” do que a ideia original, com base na área de venda, defende Luís Amaral, CEO do grupo Eurocash.

Bruno Simão/Negócios
27 de Janeiro de 2016 às 08:00
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"Como princípio, discordo que se distorça o mercado com impostos", esclarece Luís Amaral, o gestor português que detém 43,8% do grupo polaco Eurocash, do qual é presidente executivo. "Mas", acrescenta, este modelo anunciado [de taxar a actividade retalhista na Polónia] tem na realidade algum efeito positivo para o comércio tradicional", defende, em declarações escritas ao Negócios.

O executivo polaco recém-eleito do PiS (Partido da Lei e da Justiça) vai impor uma taxa de 0,7% sobre as vendas das retalhistas entre 1,5 milhões de zlotys (335,6 mil de euros) e 300 milhões de zlotys (67,1 milhões de euros) por mês, que sobe para 1,3% no caso dos operadores que ultrapassem os 300 milhões de zlotys/mês. O governo conservador daquele país católico propõe ainda uma taxa de 1,9% para as vendas feitas aos sábados, domingos e feriados.

"Estra estrutura de impostos é muito mais racional" que a "proposta inicial [do PiS] antes das eleições, que era imposto para lojas com mais de 250 metros quadrados". A proposta conhecida esta segunda-feira, 25 de Janeiro, "é muito mais justa", assegura o gestor português.

Sem impacto directo para a Eurocash

Questionado sobre os efeitos possíveis das novas regras sobre o grupo que lidera, Luís Amaral recorda a actividade em que se movimenta a "holding" polaca, cotada na bolsa de Varsóvia: "não espero que tenha impacto relevante, pois nós somos grossistas, portanto só afecta por intermédio dos nossos clientes". As acções da empresa, aliás, chegaram a valorizar 7,83% esta terça-feira, tendo terminado a sessão nos 49,54 zlotys (11,08 euros ao câmbio actual), mais 1,54% que na segunda-feira.

O Eurocash, que foi da Jerónimo Martins entre 1995 e 2003 – até um MBO liderado por Luís Amaral a ter feito mudados de mãos para um grupo de quadros portugueses que, posteriormente, a cotaram em bolsa – fez, nos primeiros nove meses de 2015, lucros de 121,38 milhões de zlotys (27,15 milhões de euros à cotação actual) e vendas de 15,27 mil milhões de zlotys (3,41 mil milhões de euros).

Retalhista vão reflectir nos fornecedores e clientes

Já para os operadores de retalho, a visão de Luís Amaral não é tão optimista. "Os grandes retalhistas vão, de certeza, empurrar este imposto para os fornecedores ou para os clientes!", acredita o CEO do grupo de comércio grossista.

"A realidade", explica, "é que os retalhistas a actuar na Polónia não podem suportar este imposto sozinhos, pois grande parte deles perde dinheiro", na opinião de Luís Amaral. "Em geral", defende, "os retalhistas na Polónia não fazem lucro que dê para suportar este imposto sem aumentar os preços".

Já em vésperas de eleições na Polónia, em finais de Outubro último, e tendo em cima da mesa a intenção do então candidato às eleições legislativas PiS de taxar o comércio retalhista, Luís Amaral frisara que "o grande retalho deverá sair prejudicado, pois perde competitividade num país em que o comércio independente é o mais forte da Europa".

O grupo Jerónimo Martins, que lidera o retalho alimentar no mercado polaco – com a Biedronka – e está ainda presente com as para-farmácias Hebe, declinou, para já, comentar as medidas conhecidas esta semana. O grupo JM, recorde-se, realizou 9,2 mil milhões de euros de vendas na Polónia em 2015, dos 13,27 mil milhões de euros que consolidou no mesmo exercício. Ou seja, mais de dois terços.

Já sobre a questão do actual governo de Varsóvia penalizar a taxa no caso dos dias tradicionais de descanso – sábados e domingos, além de feriados – Luís Amaral não acredita que isso leve a mudanças de estratégia dos retalhistas já a operar naquele país: "não me parece que se encerre aos fins-de-semana por causa desta taxa", prevê.

O executivo polaco recém-eleito do PiS (Partido da Lei e da Justiça) vai impor uma taxa de 0,7% sobre as vendas das retalhistas entre 1,5 milhões de zlotys (335,6 mil de euros) e 300 milhões de zlotys
O executivo polaco recém-eleito do PiS (Partido da Lei e da Justiça) vai impor uma taxa de 0,7% sobre as vendas das retalhistas entre 1,5 milhões de zlotys (335,6 mil de euros) e 300 milhões de zlotys



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