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"É preciso falar a verdade". Setor da distribuição contesta contas da ASAE sobre margens
Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição diz que falta clareza nos dados apresentados pela Autoridade de Segurança Alimentar e Económica e lamenta ter sido deixada de fora do processo.
"É preciso falar verdade aos portugueses e explicar com clareza todos os fatores que levam ao aumento de preços dos alimentos", começa por referir a associação, em comunicado, exemplificando alguns dos exemplos mais flagrantes.
"Entre janeiro e dezembro de 2022 face ao período homólogo o índice de preços do lado da produção agrícola aumentou 33,6 pontos percentuais (p.p.), do lado da indústria alimentar aumentou 18,4 p.p. e o índice de preços dos produtos alimentares na distribuição/retalho alimentar aumentou 16,2 p.p., sempre inferior ao da indústria alimentar em cerca de 10 p.p.", afirma, reforçando que os produtos custam cada vez mais.
"Estes aumentos no início da cadeia refletem a subida dos custos dos fatores de produção decorrentes dos aumentos dos preços dos fertilizantes, das rações e de outros custos relevantes", continua a APED, dando como exemplo o caso do leite, que "está 75% mais caro nas lojas". E este aumento, refere a associação, "é precisamente o aumento que os fornecedores passaram para a distribuição".
A APED diz lamentar que "a ASAE tenha produzido um relatório do qual o setor da distribuição não tem conhecimento nem foi convidado a dar os seus contributos" e garante que "o setor da distribuição e do retalho está sempre do lado da solução e não engana os consumidores". Deixou ainda uma garantia: "O setor do retalho alimentar não aumentou as margens de comercialização e reinventou-se para absorver o acréscimo generalizados dos custos operacionais, evitando que o ónus da inflação em geral para o consumidor fosse muito superior".
Numa conferência de imprensa, esta quinta-feira, o inspetor-geral da ASAE, Pedro Portugal Gaspar, disse que as margens médias de lucro bruto foram de 20 a 30% em produtos como açúcar branco, óleo alimentar e dourada, de 30 a 40% nas conservas de atum, azeite e couve coração, e de 40 a 50% nos ovos, laranja, cenoura e febras de porco. No caso da cebola foram, aliás, superiores a 50%.
Alertou, contudo, a necessidade de perceber toda a cadeia. "É essa a informação que estamos a recolher, ouvindo as explicações dos operadores. (…) Este é o tempo da fiscalização", acrescentou o ministro da Economia, António Costa Silva, também presente na conferência.