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Dia afasta insolvência após acordo entre Santander e milionário russo
Os termos do acordo que vai permitir a continuidade da cadeia de supermercados espanhola não foram ainda revelados. Mas o cenário de insolvência fica para já afastado.
A presidente do Santander, Ana Botín, anunciou no Twitter que fechou um acordo com o maior acionista do Dia para refinanciar a dívida da rede de supermercados que marca presença em Portugal, que assim não tem necessidade de avançar com um pedido de insolvência e proteção contra credores.
"Finalmente o presidente da LetterOne comprometeu-se a trabalhar para eliminar a discriminação entre obrigacionistas e os bancos [credores] do Dia, o que acreditamos ser um tratamento justo. O Santander, de forma responsável, decidiu apoiar o Dia e os seus empregados", escreveu a presidente do Santander na rede social.
Finalmente el Presidente de Letter One se ha comprometido a trabajar para eliminar la discriminación entre bonistas y bancos de Dia, lo que creemos es un tratamiento justo. Santander de manera responsable ha decidido apoyar a Dia y sus empleados. pic.twitter.com/Atju6ifKOm
— Ana Botín (@AnaBotin) May 20, 2019
Os termos do acordo que vai desbloquear o impasse na cadeia de supermercados espanhola não foram ainda revelados. O Santander é um dos maiores credores do Dia e se não desse o aval ao plano de reestruturação financeira da cotada, o próximo passo seria o pedido de insolvência e o concurso de credores.
Segundo a imprensa espanhola, sem acordo com o Santander este pedido teria que ser formulado já esta segunda-feira. A gestão da empresa alertou até para o risco de liquidação da companhia que em Portugal tem a rede de supermercados Minipreço.
Em causa está um aumento de capital de 500 milhões de euros que vai possibilitar à companhia enfrentar a crise de liquidez que enfrenta e cumprir os seus compromissos financeiros.
16 dos 17 bancos credores do Dia tinham chegado a acordo com a LetterOne, do milionário russo Mikhail Fridman. Mas o Santander não aceitava ter condições mais desfavoráveis do que os detentores de obrigações. "Os obrigacionistas estrangeiros recebem 100% e aos bancos espanhóis estão a oferecer algo muito inferior", tinha reclamado a presidente do Santander.
Na sequência da OPA que lançou sobre o Dia, a LetterOne passou a ser acionista maioritária do grupo Dia, com 69,76% do capital da empresa que em Portugal detém o Minipreço.
A administração do Dia tinha alertado em abril para o risco potencial de declaração de insolvência no final deste mês e que não tinha fundos para reembolsar uma emissão obrigacionista de 306 milhões de euros que vence a 22 de julho.
O plano do milionário russo passava por reembolsar os obrigacionistas em 300 milhões de euros já em julho, altura em que vencem parte das obrigações, enquanto o pagamento aos bancos (crédito sindicado de 912 milhões que vence no final do mês) seria adiado por quatro anos.
Segundo a Bloomberg, o BCE é uma das entidades que detém obrigações do Dia.