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BCE no meio do conflito entre Santander e milionário russo por causa do Dia

O Banco Central Europeu (BCE) pode vir a ser afetado pelo braço de ferro entre o banco espanhol e o milionário russo que comprou o Dia. Em causa está a reestruturação do grupo e pagamento das dívidas.

Reuters
Negócios com Bloomberg 17 de Maio de 2019 às 18:01
O programa de compras de dívida do Banco Central Europeu (BCE) não se cingiu apenas a obrigações de Estados, tendo também incluído dívida de empresas privadas. O objetivo era combater os efeitos da crise, estancando o problema de liquidez do mercado, mas a estratégia está a trazer dissabores. Depois das perdas registadas com a Steinhoff International (então dona da Conforama), o BCE arrisca-se agora a registar perdas com o grupo Dia, dona dos supermercados Minipreço. 

Em causa estão as obrigações do grupo espanhol detidas pelo Banco Central Europeu, que as adquiriu através do Banco de Espanha, na sequência do programa de compras de dívida privada. Na altura, a dívida do Dia tinha rating de investimento - um requisito obrigatório para ser elegível ao programa do BCE -, mas em outubro do ano passado os problemas da retalhista e o risco de insolvência levaram à mudança da classificação para o nível de "lixo". 

Neste momento está em cima da mesa uma proposta do fundo de investimento LetterOne, detido pelo milionário russo Mikhail Fridman (principal acionista do Dia), para recapitalizar o grupo Dia. Essa proposta prevê que seja dada prioridade aos obrigacionistas e não aos bancos, cujos reembolsos de dívida seriam adiados por quatro anos. O plano do milionário russo é reembolsar os obrigacionistas em 300 milhões de euros já em julho, altura em que vencem parte das obrigações. 

Para o fazer vai injetar 500 milhões de euros no grupo espanhol caso a OPA que lançou for bem sucedida, mas o regulador dos mercados espanhol obrigou à negociação de um acordo com a banca. 

O Santander, um dos bancos que emprestou dinheiro ao Dia, opõe-se à proposta do milionário russo. O conflito entre as duas partes numa altura em que a empresa está quase insolvente pode levar a perdas dos obrigacionistas, incluindo o BCE, para que o Santander aceite a recapitalização. 

Caso não haja acordo até à próxima segunda-feira, a empresa poderá ter de avançar para tribunal. 

À Bloomberg, fonte oficial do BCE recusou fazer comentários sobre obrigações em particular que adquiriu. O portefólio inclui obrigações avaliadas em 178 mil milhões de euros de quase 1.200 empresas. 

No passado, o Banco Central Europeu já sofreu perdas por causa do programa de compra de dívida privada que começou em junho de 2016. No ano passado, o escândalo contabilístico da Steinhoff International Holdings, que detinha a Conforama, levou à queda abrupta das ações e das obrigações da empresa. Segundo a Reuters, o BCE vendeu a dívida da empresa com um potencial de perda superior a 50%.
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