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30% dos portugueses deixaram de ir a restaurantes e 14% leva marmita para o trabalho

É uma das consequências da crise: o consumo reduziu-se, mas há quem diga que agora até está a comer melhor. As actividades culturais reduziram muito e a opção são as práticas gratuitas e há uma maior valorização da Natureza, conclui um estudo do ICS hoje divulgado.

Miguel Baltazar/Negócios
06 de Setembro de 2016 às 09:36
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Na sequência da crise os portugueses foram obrigados a repensar os seus hábitos alimentares e de consumo e a deixar de ir aos restaurantes. O resultado é que "deixaram de comprar o supérfluo e a comprar coisas com maior valor nutritivo e a comer melhor em casa".  Esta é uma das conclusões do "Primeiro Grande Inquérito Sustentabilidade em Portugal", realizado pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa para a Missão Sorriso, do Continente, divulgado esta terça-feira, 6 de Setembro.

 

Segundo a coordenadora do estudo, a investigadora Luísa Schmidt, citada pela TSF, 31, 4% dos inquiridos passaram a ir menos a restaurantes e "passaram a ter outras rotinas, como levar a comida para o emprego ou fazer a sua horta à escala urbana." Cerca de 13% dizem estar agora a comer pior, mas mais de 23% dos inquiridos respondeu que, com a crise, a sua alimentação se tornou mais saudável, embora sejam 64% aqueles que dizem ter ficado "sensivelmente na mesma".

 

Por outro lado, verificou-se uma alteração de hábitos sociais, com a ida a concertos, a teatro ou ao cinema a cair quase para metade. "Tudo o que tem a ver com actividades culturais reduziu-se substancialmente, como idas aos ginásios, tudo o que implica gastos. Só aumentaram as práticas gratuitas, como passear em jardins ou parques naturais", referiu a investigadora.

 

Cerca de um terço dos inquiridos (31%) diz que passou a ir menos aos restaurantes, 14% refere que passou a levar as refeições para o trabalho e 11% passou a cultivar legumes, frutas ou ervas aromáticas.

 

Em contrapartida, os portugueses passaram a valorizar mais o ambiente e a natureza e 60% dizem-se disponíveis para alterar os seus hábitos de consumo em defesa do planeta. Entre estes estão sobretudo aqueles que têm filhos e com idades entre os 24 e os 44 anos.

 

Luísa Schmidt salienta, em declarações à Lusa, que estas pessoas  "valorizam mais aspectos que garantam a boa qualidade do ambiente até porque diminuíram as férias fora de casa e aproveitam os espaços naturais, as paisagens, e o ambiente funciona como compensação para a crise que retirou de certo modo [as pessoas] do consumismo".

 

No entanto, há ainda um terço que refere não ter alterado os seus hábitos de consumo, percentagem semelhante àquela dos que "não sabem" se estão disponíveis para reduzir os padrões de consumo, atendendo a que, se todas as pessoas do mundo consumissem assim, seriam necessários dois planetas. Cerca de 59% aceita mudar.

 

À pergunta sobre a que destinaria um aumento do orçamento familiar, a resposta mais frequente é poupança (46%) e férias (43%). Por outro lado, a luta contra o desperdício é cada vez mais levada à letra. "Não estragar tanto é um grande mote na sociedade portuguesa, o que remete para práticas antigas, mas agora é uma visão moderna ligada à economia circular", diz Luísa Schmidt.

 

O inquérito presencial foi realizado de 7 de Abril a 7 de Maio, a 1.500 residentes em Portugal, com mais de 18 anos, numa amostragem aleatária atendendo a região, género, idade e escolaridade, com um intervalo de confiança de 95%.

 

Substituir carne por proteína vegetal é opção para 45% dos portugueses

Quase metade dos portugueses parece disposta a deixar de comer carne e optar por proteínas vegetais, como o grão ou feijão, 54% consideram ter uma alimentação saudável e muitos mais dizem consumir legumes frequentemente, revela ainda o inquérito.

 

45% dos participantes manifestaram-se bastante ou muito dispostos a optar por proteínas vegetais, em vez de carne. No entanto, 38% disseram que estar nada ou pouco dispostos a abdicar da carne na sua alimentação, enquanto 17% ainda estão indecisos.

 

As conclusões acerca dos hábitos saudáveis dos portugueses apontam ainda para idas regulares ao médico da parte de 47%, pelo menos oito horas de sono por noite para 43%, peso vigiado em 41%, além de moderação no consumo de bebidas alcoólicas em 17%.

 

As medicinas alternativas são utilizadas somente por 6% dos inquiridos, mas o consumo de produtos de agricultura biológica já estão nas casas de 17% dos portugueses, enquanto 13% reconhece a ingestão de suplementos alimentares vitamínicos.

 

Além do consumo de verduras e legumes da parte de 73% dos inquiridos, a fruta também está na lista de comportamentos associados a uma alimentação saudável (57% de respostas), como a opção por comer várias vezes ao dia (46%) ou a redução por produtos salgados (41%) e de refrigerantes (39%).

 

Estes comportamentos relacionados com alimentação saudável são sempre mais seguidos pelas mulheres, revela também o estudo.

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