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Metade dos portugueses aponta educação e turismo como aposta do investimento

Quase metade dos portugueses escolhe a educação e o turismo como sectores em que o país deve investir, seguidos das energias renováveis, enquanto o mar não chega a um quinto das escolhas, segundo um inquérito divulgado esta terça-feira, 6 de Setembro.

Bruno Simão/Negócios
06 de Setembro de 2016 às 00:57
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O "Primeiro Grande Inquérito Sustentabilidade em Portugal", realizado pelo Instituto de Ciências Sociais (ICS) da Universidade de Lisboa, concluiu que, para 46% dos inquiridos, a educação e formação, como factor de competitividade, assim como o turismo, são os sectores que devem ser prioritários no investimento.

 

Na comparação com dados de 2000, o turismo, em que os portugueses pressentem maior capacidade de afirmação do país, subiu de 17% das respostas para 46%, acréscimo acompanhado pelas energias renováveis, que chegaram a 37%, quando há 16 anos não ultrapassavam 4%.

 

Acerca das perspectivas para o futuro, as respostas obtidas mostram que "se mantém uma convicção muito forte", que já se tinha verificado em outros estudos, de que "a única opção verdadeiramente certa para o desenvolvimento do país é a educação e formação", salientou a coordenadora do estudo.

 

Em declarações à agência Lusa, Luísa Schmidt apontou que a agricultura, indústria e floresta são as actividades tradicionais dos portugueses, ligadas a uma visão de um Portugal mais velho, mais iletrado, enquanto o que é inovador é apontado pelos mais novos. 

 

A agricultura surge em quarto lugar, com 36%, menos do que os 54% de 2000, quando era a primeira opção, mas continua a ser um sector importante, sobretudo para os mais velhos e mais iletrados, embora já haja agricultores licenciados, apontou. A floresta também desce de 12% para 6%, não ultrapassando o 12.º lugar.

 

"O que achei mais surpreendente é [que] o mar, tão falado em termos políticos, ainda não é visto como uma alternativa importante para o país, há um 'gap' [fosso] entre aquilo que se propagandeia e depois o saber como se faz", defendeu a especialista. Por isso, salientou, "é preciso comunicar muito melhor e tornar mais evidente para as pessoas todo o potencial marítimo" do país.

 

O mar e a pesca recolheram 22% das preferências para investimento futuro, depois das novas tecnologias (25%) e do ambiente (23%), enquanto os museus e património, recolheram 8%.

 

Para Luísa Schmidt, o ambiente "não está mal situado, diminuiu um bocadinho porque, entretanto, se sobrepuseram outros sectores, que têm muito a ver com ambiente, como as energias renováveis e o próprio turismo".

 

Na floresta, os resultados reflectem "uma duplicidade", já que "faz parte do país e é uma actividade importante, mas ninguém a valoriza suficientemente como actividade, e devia, ao mesmo tempo, arde e cria um problema muito grande", disse a investigadora do ICS, acrescentando que "o desordenamento e a fragmentação da propriedade não ajudam nada a que as pessoas a vejam como um sector de futuro".

 

Para a coordenadora do inquérito, promovido pela Missão Continente, "o 'cluster' a apostar seriamente é o turismo, na sua diversidade, como a [vertente] da saúde, nada explorada em Portugal, o mar e floresta encarados de uma maneira diferente".

 

A subida registada no turismo, "uma coisa muito curiosa" que não era pensada em 2000, "foi a bóia de salvação para a crise, do pequeno restaurante e café às dormidas, ou 'bird watching' [observação de aves], e é um sector dinâmico, ao contrário de outros, como a agricultura, menos entusiasmantes", disse.

 

Quanto às diferenças de interesses nas diferentes idades, Luísa Schimdt referiu que "a polarização geracional atravessa esta parte das expectativas quanto ao desenvolvimento do país, mas também se reflecte no tipo de consumo, na maior ou menor consciência do que é a sustentabilidade, na maior ou menor importância que se atribui às alterações climáticas e ao ambiente".

 

O inquérito presencial foi realizado de 7 de Abril a 7 de Maio, a 1.500 residentes em Portugal, com mais de 18 anos, numa amostragem aleatória atendendo a região, género, idade e escolaridade, com um intervalo de confiança de 95%.

 

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