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Solução para papel comercial prevê perda de mais de metade do investimento

A proposta de solução para o papel comercial do GES devolve aos investidores menos de metade do capital investido, numa aplicação a dez anos. A solução está a ser negociada entre o Novo Banco e o Banco de Portugal, que durante o fim-de-semana estiveram a trabalhar no assunto para chegarem a um acordo.

Bruno Simão/Negócios
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A solução para o papel comercial do Grupo Espírito Santo envolve perdas do capital inicialmente investido. De acordo com as linhas gerais de uma solução que ainda está a ser negociada entre o Banco de Portugal e o Novo Banco, os detentores destes títulos de dívida das empresas do GES poderão recuperar, na melhor das hipóteses, 40% do capital investido, apurou o Negócios.

 

Quer o Banco de Portugal, quer o Novo Banco pretendem chegar a uma solução ainda antes da Páscoa, admitindo-se que a proposta final possa ser anunciada esta terça-feira, 24 de Março, dia em que o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, vai ser ouvido pela segunda vez na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão do BES e do GES. Durante todo o fim-de-semana decorreram reuniões entre os técnicos do Banco de Portugal e o Novo Banco para se chegar a uma solução que concilie os objectivos de todas as partes.

 

De acordo com o que está em cima da mesa neste momento, a proposta comercial poderá passar por converter o papel comercial do GES em obrigações do Novo Banco com um "haircut" [perda] que pode ir de 60% a 70%. Além disso, os clientes serão convidados a fazer uma aplicação adicional no banco.

 

Em linhas gerais, por cada 100 mil euros aplicados em papel comercial do GES, os investidores não qualificados já identificados receberiam 30 a 40 mil euros em obrigações seniores do Novo Banco com uma taxa de juro da ordem dos 5% ao ano. Para terem acesso a esta solução teriam ainda de investir mais cerca de 20 mil euros (cerca de 20% do capital inicialmente investido) em títulos do Novo Banco com características de capital. Ou seja, produtos equivalentes a instrumentos de capital contingente ("CoCos").

 

Com esta solução, quem quiser pode vender de imediato as obrigações do Novo Banco que vai receber, ficando com dinheiro, mas realizando a perda – 60 a 70% do que investiu. Ou, não vende, podendo esperar para ver quem compra o Novo Banco, tentando reduzir ligeiramente as perdas na expectativa da valorização dos títulos que passou a deter. Ou ainda manter as obrigações em carteira, obtendo uma remuneração anual de 5% durante dez anos. A aplicação adicional não deverá, a curto prazo, dar um rendimento.

 

Seja qual for a solução final, a proposta comercial passará sempre pela perda de mais de metade do capital inicialmente investido. A dimensão da perda dependerá do título subjacente: o papel comercial da Rioforte vale mais do que o da ESI, por exemplo. 

 

Para a proposta chegar aos clientes é preciso que o Novo Banco e o Banco de Portugal cheguem a acordo sobre o desenho final do produto. Para já parece certo que as posições do Novo Banco e do banco central estão a aproximar-se. Fechado este acordo é preciso que os clientes aceitem a proposta comercial do Novo Banco.  

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