Notícia
ROC não aceitou ir para auditoria do BES para "preservar" amizade com Salgado
José Macedo Pereira era revisor oficial de contas de empresas do BES e mantém-se ainda em funções em sociedades do Novo Banco. Não quis ir para a comissão de auditoria porque poderia estragar uma relação com um homem a quem devia favores.
- 3
- ...
O salário "substancial" que teria enquanto membro da comissão de auditoria do Banco Espírito Santo não foi suficiente para José Manuel Macedo Pereira (na foto) ter aceite o cargo, quando foi convidado, "há três ou quatro anos". Não queria quebrar os laços de amizade que mantinha com o presidente executivo do banco, Ricardo Salgado.
Macedo Pereira é um revisor oficial de contas que exerceu funções em várias empresas do grupo BES e mantém, aliás, o cargo em empresas do Novo Banco, como a Tranquilidade, estando presente em vários conselhos fiscais.
"Há três ou quatro anos", foi convidado para integrar a comissão de auditoria do BES. "Apesar de ser um salário substancial, desejado por muita gente, não sou daqueles que entra mudo e sai calado. Não entro mudo e saio calado", disse Macedo Pereira na audição desta terça-feira, 6 de Janeiro de 2015, da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES.
Em resposta ao deputado social-democrata Pedro Saraiva, Macedo Pereira afirmou que aceitar esse cargo seria uma "belíssima forma de, em oito dias ou oito meses", quebrar a relação com Ricardo Salgado – "um homem a quem devo favores e que foi meu colega de curso".
"Quis sempre preservar a relação de amizade com o Dr. Ricardo Salgado", concluiu o revisor oficial de contas.
Macedo Pereira quis frisar, contudo, que não considera que quem desempenha funções de auditoria do BES entrasse mudos e saísse calado das reuniões. Mas garantiu que ele próprio não o iria fazer.
Os trabalhos da Comissão de Inquérito à Gestão do BES e do GES foram retomados esta terça-feira, 6 de Janeiro. Nos próximos dias serão ouvidos nomes ligados à área financeira tanto do BES como do Grupo Espírito Santo.