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PSD pressiona Costa para quebrar "silêncio ensurdecedor" sobre CGD

Os social-democratas temem a politização do banco público e querem respostas do primeiro-ministro já no debate parlamentar agendado para 15 de Junho.

Miguel Baltazar/Negócios
13 de Junho de 2016 às 12:10
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É uma espécie de ultimato a António Costa. O PSD colocou três dezenas de perguntas ao Governo sobre "o que verdadeiramente está em causa" na Caixa Geral de Depósitos e exige que o primeiro-ministro use as respostas como "guião da intervenção" que fará na quarta-feira, 15 de Junho, durante o debate quinzenal na Assembleia da República.

 

"Os portugueses estão perplexos com as notícias sobre a situação na CGD e a ausência de explicações por parte do Governo. A injecção de cerca de quatro mil milhões de dinheiro dos contribuintes sem qualquer justificação é algo inqualificável. (…) É muito dinheiro e o silêncio é ensurdecedor. António Costa na próxima quarta-feira não vai perder a oportunidade de dar resposta ao Parlamento e ao país", disse o deputado do PSD, Duarte Pacheco.

 

Em conferência de imprensa na sede do partido, em Lisboa, o porta-voz do grupo parlamentar sustentou que os indicadores que são conhecidos "não apontam" para a necessidade de recapitalizar o banco público nesse montante. As necessidades de financiamento indicadas pelas contas da instituição são de "cerca de metade desse valor". "Logo, tudo o resto tem de ter explicação. E essa explicação tem de ser dada aos portugueses", acrescentou.

 

Questionado pelos jornalistas sobre se o partido liderado por Pedro Passos Coelho pretende insistir numa comissão parlamentar de inquérito a este novo caso da banca portuguesa, Duarte Pacheco respondeu que "não [se pode] banalizar esse instrumento", salvaguardando, porém, que "tudo depende das respostas que António Costa der aos portugueses".

 

Os administradores e os novos salários

 

Além das questões sobre a "situação real" do maior banco português e as razões para "injectar mais [dinheiro] do que o necessário", o PSD quer saber se o plano de reestruturação que está a ser discutido com Bruxelas implica o encerramento de balcões, o despedimento de funcionários e a privatização de áreas de negócios da CGD. "E esse plano de reestruturação está a ser preparado com as pessoas da futura administração, com personalidades que ainda não são quadros da CGD, à revelia da administração que ainda está em funções?", indagou Pacheco.

 

Num ataque mais político, o maior partido da oposição quer clarificar ainda se António Costa "pretende recuperar o papel de intervir directamente no dia-a-dia da gestão da Caixa, tal como na governação socialista anterior" de José Sócrates. E deixou críticas ao aumento do número de administradores para 19 e ao diploma aprovado a 8 de Junho em Conselho de Ministros para eliminar os tectos salariais da nova equipa de gestão liderada por António Domingues.

 

"Quanto ao modelo de governação, deve haver uma razão – que o senso comum ainda não descortinou – para aumentar o número de administradores. Tal como a necessidade que o Governo encontrou para aumentar os salários da administração, quando o que o anterior tinha posto em prática [a pessoa contratada poder auferir o equivalente ao que ganhou, em média, nos três anos anteriores] já salvaguardava" o alinhamento salarial com o que é praticado no mercado.

O fim dos tectos salariais terá sido uma das imposições de Domingues para aceitar liderar o banco do Estado, fazendo também parte da equipa executiva Emídio Pinheiro, actual presidente do Banco de Fomento Angola (BFA), instituição controlada pelo BPI, onde António Domingues foi vice-presidente até 31 de Maio. A nova administração terá como vice-presidentes não executivos Leonor Beleza e Rui Vilar. Entre os não executivos estão ainda os nomes de Pedro Norton, antigo líder da Impresa, e Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo de Sócrates.

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