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Passos falou com vice-presidente de Angola dias antes da resolução do BES

O primeiro-ministro soube a 30 de Julho que não deveria haver uma solução para a relação entre o BES e a BESA no "curtíssimo prazo". A 3 de Agosto, o BES foi alvo de uma resolução, sendo que o banco de transição acabou por ser prejudicado pelo elevado peso de Angola.

17 de Março de 2015 às 12:06
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Pedro Passos Coelho diz que não teve "especial" intervenção no processo que levou à derrocada do Banco Espírito Santo. Mas admite que falou com Angola - o banco tinha mais de metade do capital do BESA - dias antes da resolução.

 

Nas respostas por escrito aos deputados, no âmbito da comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, o primeiro-ministro dá conta que, no final de Julho de 2014, foram conhecidos dados que "o BES havia sido atingido por resultados negativos que espelhavam uma exposição a entidades não financeiras do GES em valores superiores aos que eram antes conhecidos pelo Banco de Portugal".

 

Neste contexto, conta Passos Coelho, poderia vir a ser necessário um eventual aumento de capital por parte do BES. Daí que fosse necessário clarificar o financiamento superior a 3 mil milhões de euros que o banco português cedia para a instituição financeira angolana, onde detinha 55,7% do capital.

 

"Recordo-me, nesse contexto e nessa ocasião, de trocar impressões com o vice-presidente angolano, o engenheiro Manuel Vicente, sobre esta última questão, que estava, no entanto, a ser tratada pelos bancos centrais nacionais directamente", frisou o primeiro-ministro na missiva entregue aos deputados esta segunda-feira, 16 de Março.

 

Não são clarificadas quantas conversas existiram entre os dois Governos. Passos Coelho especifica apenas uma conversa de 30 de Julho, dia em que o BES apresentou os prejuízos históricos de 3.577 milhões. "Confirmei, junto do vice-presidente angolano, no próprio dia 30 de Julho, que, no que era do seu conhecimento, uma solução não parecia ser possível de encontrar pelas autoridades angolanas no curtíssimo

Recordo-me, nesse contexto e nessa ocasião, de trocar impressões com o vice-presidente angolano, o engenheiro Manuel Vicente, sobre esta última questão, que estava, no entanto, a ser tratada pelos bancos centrais nacionais directamente.
 
Pedro Passos Coelho

prazo em que poderia ser relevante para efeitos de estabilização do BES". "Afirmou-me, ainda assim, que sabia estarem os governadores dos dois bancos centrais em estreito contacto nesta matéria", disse ainda.

 

Ou seja, a 30 de Julho, o Governo português soube que não haveria uma solução para a relação entre o BES e o BES nos dias seguintes, apesar do facto de o BES ter ficado aquém dos rácios mínimos exigidos pela regulação europeia. A 1 de Agosto, o Banco de Portugal comprometeu-se com a resolução do BES e só depois foi essa decisão comunicada ao Governo.

 

O BES tinha uma exposição superior a 3 mil milhões de euros ao BES Angola. Já o BESA tinha créditos de 5,7 mil milhões de dólares a cujos beneficiários perdeu o rasto mas que estavam protegidos por uma garantia estatal angolana nesse montante – o que obrigava a uma cuidada ligação entre Lisboa e Luanda. Depois da resolução, e com o facto de a garantia ter sido integrada no banco "mau" do BES, a mesma foi revogada. Já o Novo Banco teve dois terços da capitalização de 4,9 mil milhões justificados pela linha de financiamento que o BES tinha para o BESA. 

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