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Ricciardi transmitiu "incomodidade" sobre BES mas isso não motivou acção de Passos
O primeiro-ministro garante, nas respostas por escrito à comissão parlamentar de inquérito, nunca ter feito qualquer diligência na sequência de conversas com José Maria Ricciardi sobre os desenvolvimentos do caso BES.
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Passos Coelho rejeita ter tido acesso a informação especial sobre a situação do Banco Espírito Santo através de José Maria Ricciardi. Sabia apenas da sua "incomodidade" face aos desenvolvimentos que acabaram por levar à quebra do banco. E não fez nenhuma diligência na sua sequência.
"No âmbito de conversas informais, recordo-me que o Dr. José Maria Ricciardi algumas vezes exprimiu a sua incomodidade quanto aos desenvolvimentos sobre a situação do BES e do GES, os quais eram já do conhecimento público", garantiu o primeiro-ministro nas respostas por escrito enviadas esta segunda-feira, 16 de Março, à comissão parlamentar de inquérito.
Nessas mesmas respostas, o líder do Executivo assegura que as conversas com o líder do BESI, que até 2014 era administrador do Banco Espírito Santo, "não envolveram qualquer abordagem específica ou que tivessem a mira de suscitar uma acção ou opinião do Governo".
Questionado sobre se fez alguma diligência na sequência desses contactos, Passos Coelho é claro: "Não". "Apenas fiquei ciente do incómodo que os factos, de resto públicos, que marcaram os desenvolvimentos do BES e do GES, deixaram junto do Dr. José Maria Ricciardi", acrescentou.
Na sua audição, José Maria Ricciardi garantiu nunca ter sido discutida "nenhuma liderança do BES" com o primeiro-ministro, como chegou a ser noticiado. O presidente do BESI recusou alguma vez ter pedido "fosse o que fosse" a Passos Coelho, apesar de serem amigos.
Ricciardi entrou em colisão com o seu primo, Ricardo Salgado, em meados de 2013 e tentou tirá-lo da liderança do BES por discordar das suas formas de governação. Não conseguiu. Em Agosto de 2014, o banco acabou por ser alvo de uma medida de resolução aplicada pelo Banco de Portugal, que fez desaparecer o banco através da criação de duas entidades: um veículo com os seus activos problemáticos, e um banco de transição que ficou com os activos saudáveis (Novo Banco).