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Papel comercial: "Admira-me como é que dr. Ricardo Salgado e o sr. Carlos Costa conseguem dormir"

Eram clientes do BES com um "perfil super conservador". Aos balcões do banco, compraram dívida do GES. Muitos dizem que não sabiam. Ninguém assumiu o reembolso. "A culpa não é nossa", diz uma associação destes investidores, que apela ao "coração" de Carlos Costa para que não os defraude.

Miguel Baltazar/Negócios
19 de Fevereiro de 2015 às 17:53
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Os clientes do antigo Banco Espírito Santo que subscreveram papel comercial de sociedades - actualmente insolventes - do Grupo Espírito Santo pedem que o Banco de Portugal assegure o reembolso deste investimento. Para isso, o seu representante, Ricardo Ângelo, chamado à comissão parlamentar de inquérito esta quinta-feira 19 de Fevereiro, apelou ao governador.


"Peço ao Dr. Carlos Costa, como pessoa com coração, que não defraude estes cidadãos", afirmou o representante da Associação Os Indignados e Enganados do Papel Comercial (anteriormente conhecida por Lesados Novo Banco), que conta com cerca de 500 membros. Ricardo Ângelo pediu que o regulador "mantenha o compromisso" assumido.

No início de 2014, o Banco de Portugal obrigou a área financeira do GES a separar-se do ramo não financeiro e, para isso, obrigou que a primeira constituísse uma provisão de 700 milhões de euros para assegurar o reembolso destes investidores em papel comercial de sociedades como a ESI e a Rioforte.

 

Essa provisão, inicialmente destinada ao Espírito Santo Financial Group, acabou por ser constituída no BES e contribuiu para os prejuízos históricos apresentados no primeiro semestre do ano passado, na ordem dos 3.577 milhões de euros.

Posteriormente, com a resolução, a expectativa era a de que a provisão tinha sido integrada no Novo Banco que, apesar de não ter obrigação de assegurar o reembolso (porque não era a emitente), fá-lo-ia pela relação comercial com os clientes. Essa indicação foi dada, aliás, por serviços do Banco de Portugal aos clientes do BES com papel comercial.

 

Contudo, neste momento, já se sabe que a provisão passou para o banco "mau", ou seja, ficou no BES, que tem um "capital próprio claramente negativo", o que dificultará o ressarcimento.

 

Este "recuo" é uma "estratégia concertada" entre o Novo Banco e o Banco de Portugal", na óptica de Ricardo Ângelo.

Aos deputados, a associação, que se tem manifestado em várias dependências do Novo Banco pelo país, pede que o regulador volte à primeira posição.

 

"Admira-me como é que o doutor Ricardo Salgado consegue dormir e como é que o senhor governador consegue dormir. A culpa não é nossa", disse Ricardo Ângelo.

Na audição do inquérito parlamentar, o responsável da associação inicialmente conhecida como Lesados do Novo Banco diz que os produtos foram apresentados, em 90% dos casos, como uma aplicação com "taxa e juro garantidos", havendo documentos que o provam, assegurou. Além disso, o papel comercial foi "apresentado como do BES e não como do GES" a clientes que, segundo Ricardo Ângelo, tinham um "perfil super conservador".

Pouco antes do arranque da sessão, chegou à comissão de inquérito uma carta do Banco de Portugal dirigida à CMVMV em que o governador remete para o regulador do mercado de capitais responsabilidade pela comercialização de papel comercial.

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