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Minoritários: Acções do BCP e BPI deviam ter sido suspensas até divulgação da carta de Isabel dos Santos

"Parece claro que as acções deviam ser imediatamente suspensa até à divulgação da dita carta", comenta a ATM. Só depois da sua revelação é que os títulos do BCP e BPI deveriam ter sido transaccionados. CMVM diz que suspender não é sempre a melhor opção.

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Segunda-feira à tarde: O Expresso avança que Isabel dos Santos promove uma fusão entre BPI e BCP. A informação é confirmada por outros jornais, e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários pede informação. Não há informação adicional ao público.

 

Terça-feira de manhã: As acções do BCP e do BPI negoceiam em bolsa, com cotações que chegam a ser 9% superiores às da sessão anterior. Pelas 12h00, é noticiado que o regulador presidido por Carlos Tavares quer a carta que terá sido enviada pela empresa de Isabel dos Santos (Santoro) aos dois bancos e ao CaixaBank, que lançou uma oferta pública de aquisição sobre o BPI. A missiva não é tornada pública. Pouco antes das 13h00, a CMVM determina a suspensão das negociações à espera de ver a carta. O BCP confirma a sua existência mas não a revela. O BPI divulga, entretanto, a carta e, às 14h00, os títulos voltam a ser transaccionados.


A postura do supervisor do mercado de capitais suscitou críticas da ATM, Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais. "Na nossa opinião, considerando que havia já certeza, confirmada pelo Negócios, da existência da carta de um accionista relevante capaz de influenciar as decisões e o curso da OPA, parece claro que as acções deviam ser imediatamente suspensas até à divulgação da dita carta", responde Octávio Viana, depois de questionado pelo Negócios.

 

"Nestes casos, é avaliada a informação que existe. E já era público que a CMVM tinha pedido esclarecimentos, pelo que o mercado sabia que havia ainda informação que tinha de ser prestada. É também feita uma monitorização da negociação, incluindo na pré-abertura do mercado", justifica fonte oficial do regulador. 

 

Para a entidade presidida por Carlos Tavares, "a suspensão nem sempre é a decisão que melhor protege o investidor". "Ao determiná-la pode estar-se a proteger os interesses de outrem", acrescenta. 

 

"Quando o mercado conhece a existência de informação relevante a ser divulgada, as acções devem ser imediatamente suspensas até à sua efectiva divulgação", contrapõe o presidente da ATM. Depois de uma sessão em que ambos subiram 9%, o BPI conseguiu manter essa toada após a revelação da missiva, fechando com um ganho de 9,04% para 1,483 euros, enquanto o BCP terminou o dia nos 8,54 cêntimos, com uma valorização de 2,43%.

 

Neste momento, o BPI, além de ser um dos possíveis envolvidos numa fusão, está a ser alvo de uma oferta pública de aquisição lançada pelo CaixaBank (a 1,329 euros por acção).

 

Rumores de fusão podem levar a subida do preço da OPA

 

Sobre a fusão, Octávio Viana ainda não tem opinião: "a informação prestada é insuficiente para fazer um juízo fundamentado sobre o tema. Mas a posição societária que o Caixabank tem no BPI [44,1% do capital, 20% dos votos] inquina essa ideia de fusão, pelo que o mais certo é esta pressão agora exercida por Isabel dos Santos resultar numa subida de preço da contrapartida".

 

Esta quarta-feira, o conselho de administração do BPI deverá reunir-se para discutir o relatório em que se vai pronunciar sobre a oportunidade e as condições da oferta.

 

"Não obstante isso, a ser possível a fusão, é óbvio que da mesma poderiam ser extraídas bastantes sinergias e uma redução significativa de custos", indica ainda.

 

 

(Notícia actualizada às 20h50 com posição da CMVM)

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